Dois Dribles

Blog

Dois Dribles

Sobre NBA e afins

A triste disputa pelo último lugar é a mais emocionante da NBA hoje

(AP Photo/Rick Scuteri)

Estamos vendo história acontecer diante dos nossos olhos. Uma história vergonhosa, talvez, mas é história. Nunca uma disputa pela pior campanha da NBA foi tão acirrada. A cerca de 25 rodadas para o final da temporada regular, nada menos do que seis times estão no fundo da tabela rigorosamente empatados com o mesmo número de vitórias (18).

A corrida é a mais disputada no campeonato atual, também. Das demais disputas em aberto, três times competem por duas vagas nos playoffs do Leste e cinco por três vagas no Oeste. Brigas boas, mas menos equilibradas e acirradas que esta pela última colocação.

O ‘tank’, prática de tentar ter a pior campanha possível para conseguir subir algumas posições no draft seguinte, não é novidade nenhuma, mas é inédito que tantos times estejam em condições de conseguir a primeira escolha. Some a estes seis – Phoenix Suns, Atlanta Hawks, Dallas Mavericks, Orlando Magic, Sacramento Kings e Memphis Grizzlies – a dupla Brooklyn Nets (que não tem direito a sua próxima escolha de draft, que hoje pertence ao Cleveland Cavaliers, mas é incapaz de ganhar jogos) e Chicago Bulls (que depois de um período esquizofrênico em que ganhou vários jogos, voltou à realidade de perder maior parte dos jogos), que estão a uma ou duas vitórias de distância do batalhão mais perdedor da liga.

+ Mitchell é espetacular, mas Simmons ainda é o melhor calouro do ano

+ Whitesite e Winslow contrariam o sucesso das apostas do Miami Heat

Portanto, é de se esperar que nos próximos dois meses de campeonato 1/3 da liga jogue deliberadamente para perder, o que é bem deprimente.

Eu atribuo isso a alguns fatores que, combinados, fazem com que essa disputa do ‘tank’ fique tão acirrada. O provável sucesso do Philadelphia 76ers, que se esforçou por tanto tempo para ser ruim e hoje tem alguns jovens talentos muito promissores no time, a boa classe de calouros do último draft e a desesperança de times medianos em conseguirem disputar algo em um futuro próximo em uma liga dominada pelos ‘supertimes’. Infelizmente hoje as franquias consideram que perder de propósito por alguns anos seguidos é o projeto de futuro mais garantido.

O mais curioso é que o equilíbrio nessa corrida é tão grande, que umas duas vitórias indesejadas podem jogar um time da melhor condição para o sorteio para, sei lá, a sexta – (o que faz as chances de pegar uma primeira escolha cair de 25% para 6%). Isso eu já acho engraçado: uma porrada de times passando por esse papelão pra só uns dois realmente conseguirem algo que preste. Ou então podem acabar empatados, fazendo com que a decisão de quem recebe mais bolinhas de pingue-pongue no sorteio seja feita num cara ou coroa – que, em outras condições bem diferentes, por exemplo, já determinou quem teria o direito de draftar Kareem Abdul Jabbar.

Não entro no mérito do quanto pode valer a pena ter a primeira ou segunda escolha no próximo draft. Em toda classe há valores promissores. Mas questiono o método de reconstrução. Por mais que tenha sido eficiente para alguns times, não acho que é a maneira mais inteligente e nem mesmo a mais fácil. Pra liga, eu tenho certeza que é a mais vergonhosa.

Comentários