A teimosia de Thibodeau está afundando os Timberwolves

Pedro Brodbeck

(Charlie Neibergall/AP Photo)

Desgastado, acabado, sem opções confiáveis no banco de reservas e prestes a sair da zona de classificação para os playoffs. É assim que o Minnesota Timberwolves chega para as duas últimas semanas de temporada regular, justamente no ano em que se reforçou e que espera, ainda, finalmente sair da fila de 14 anos sem se classificar para o mata-mata.

A equipe de Tom Thibodeau vive a pior fase entre os dez times que ainda disputam alguma coisa na conferência Oeste. Nos últimos meses, caiu da terceira colocação para a oitava em uma queda de desempenho vertiginosa. Tem uma defesa péssima e agora, vez ou outra, não consegue emplacar seu ataque. O cúmulo: foi derrotado pelo Memphis Grizzlies, time mais esforçado em perder em toda a NBA ultimamente, e só não caiu fora do top 8 porque Los Angeles Clippers e Denver Nuggets vem cometendo vacilos parecidos nesta reta final de campeonato.

Se essa é uma época do ano em que meia NBA está cambaleando de cansaço pela maratona de jogos, os Timberwolves podem dizer que ali o tanque de gasolina já entrou na reserva faz algum tempo. É clara a falta de gás dos principais jogadores do time. E a culpa, ao meu ver, é da teimosia de Tom Thibodeau.

Ninguém em toda a liga usa uma rotação dão curta quando ele. São sete ou oito jogadores usados por jogo. A formação titular original, com Jeff Teague, Andrew Wiggins, Taj Gibson, Karl Anthony Towns e Jimmy Butler, que se machucou há mais de um mês, ainda é disparada a que mais minutos atuou junto em toda a liga – a única que já ultrapassou os mil minutos rodados.

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Estes cinco titulares estão entre os 40 jogadores de toda a NBA que mais minutos jogaram por partida neste ano. Quatro deles também estão entre os que mais correram em quadra. Não há pernas e pulmões que aguentem.

Agora, sem o melhor jogador, e com os demais completamente exaustos, o time não tem peças de reposição para usar. E não é porque o banco é muito pior do que os outros. Mas simplesmente porque Thibodeau não testou rotações alternativas em outros momentos do campeonato.

No emblemático jogo contra o Memphis Grizzlies o problema ficou claro. A defesa não tinha o pique necessário e o ataque se perdeu na metade final de jogo. Fosse um time normal, o técnico testaria algumas opções do banco para ver se um ataque alternativo encaixava – especialmente porque o rival queria perder! Mas não, o mesmo time ficou em quadra e no último quarto o Minnesota acertou ínfimos 3 arremessos de 17 tentados.

Esta sempre foi uma marca de Thibodeau. A mesma tática era usada no seu Chicago Bulls de 2010 a 2015. A diferença é que naquela equipe o esforço brutal em quadra pelo menos tinha como resultado a melhor defesa da liga. Mas o desfecho não era dos mais animadores: nos playoffs, o time sempre sofria com lesões ou cansaço das suas estrelas.

No Minnesota Timberwolves de agora, nem isso funcionou. O time só teve alguma organização tática enquanto Jimmy Butler estava à disposição no elenco e, mesmo assim, a defesa sempre foi um problema – o que é bem estranho, já que Butler é um dos melhores defensores da liga e Towns e Wiggins surgiram na NBA como boas promessas defensivas (que não vingaram). Ao contrário de todo mundo evoluir junto e formar uma equipe maciça, o time se transformou em um amontoado voluntarioso, mas pouco inspirado.

Eu entendo que é difícil um técnico mudar seu método de trabalho, mas a impressão que dá é que este ritmo não funcionou em Minnesota. Ao invés de ajudar, o rigor e insistência de Tom Thibodeau parecem mais atrapalhar o desempenho e a evolução dos seus jogadores do que ajudá-los.

Mesmo assim, o Minnesota Timberwolves tem plenas condições de se classificar. Os jogadores tem qualidades individuais, os rivais têm prolemas tão graves quanto estes e, apesar da exaustão, faltam poucas rodadas para que as outras equipes tirem a vantagem já acumulada. Mas a impressão é que esse time podia muito mais.