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Sobre NBA e afins

A temporada de rumores de troca está aberta. O que deve acontecer?

(Michael Owen Baker/Associated Press)

A data limite para trocas na NBA mudou neste ano. Ela foi ‘puxada’ alguns dias no calendário para uma semana antes do All Star Game para que o final de semana das estrelas não se torne um balcão de negócios que tira o brilho da festa. Com isso, estas três semanas entre os dias 15 de janeiro, quando caíram as cláusulas contratuais que impediam que vários jogadores que renovaram contrato em outubro fossem trocados, e 8 de fevereiro devem ser as mais quentes dos bastidores da liga.

É neste período também que fica mais claro qual o objetivo e capacidade de cada time no campeonato. Hoje, mais do que no início da temporada, sabemos o quanto Houston Rockets, Cleveland Cavaliers e Boston Celtics, por exemplo, ameaçam o Golden State Warriors. O que cada um tem de fraqueza. O que falta para que sejam times mais confiáveis. Está mais claro o quanto o trio do Oklahoma City Thunder rendeu ou não. O quanto a dupla Anthony Davis e Demarcus Cousins funcionou. Se Philadelphia 76ers e Los Angeles Lakers brigam por playoffs ou não.

Mas em meio a um oceano de possibilidades de negociações e uma porrada de boatos, há movimentos mais prováveis do que outros – pelo menos no que diz respeito ao que faz mais sentido. Acho bem provável uma troca de Deandre Jordan, por exemplo, rumor mais falado até agora. Já não acredito tanto em uma negociação envolvendo Davis ou Cousins, apesar do ter bastante gente especulando que algo pode rolar.

Vamos, então, para as possibilidades mais reais de negócios.

Deandre Jordan para um ‘contender’

Algumas informações aqui dão pistas de que o pivô do Los Angeles Clippers tem boas chances de mudar de time nas próximas semanas. Em dezembro ele contratou um agente (até aquele momento ele negociava pessoalmente seus contratos) e ao final da temporada seu vínculo com o Clippers acaba. Dependendo do que Jordan espera conseguir na próxima offseason e do que o time de Los Angeles esteja disposto a pagar, trocá-lo agora seria uma forma de capitalizar algo com a sua saída. Adrian Wojnarowski, repórter da ESPN americana e maior guru dos bastidores da liga, disse que o jogador quer ir para o Houston Rockets. Há boatos de que Cleveland e Milwaukee também poderiam ser destinos prováveis para ele. Todas as especulações fazem algum sentido, já que são times que têm como prioridade dar resultados imediatos e a chegada de Jordan com certeza ajudaria nestes planos. Destes, o Bucks é a franquia que tem mais peças que interessariam ao Clippers para envolver em uma troca. Não imagino Cavaliers e Rockets envolvendo jogadores muito importantes, que já estão encaixados na rotação, no negócio.

Houston Rockets e Cleveland Cavaliers atrás de oportunidades

Mesmo que não consigam um jogador tão impactante como Deandre Jordan, Houston Rockets e Cleveland Cavaliers devem se mexer. Nos últimos anos, as duas equipes sempre foram ao mercado neste período da temporada em busca de um último encaixe. Nas três temporadas passadas, o Rockets buscou um reserva para a armação nesta época do ano. Já o Cleveland, encaixou chutadores veteranos que estivessem dando sopa em times de menor expressão. O perfil aqui seria de jogadores como Kent Bazemore e Marco Belinelli, do Atlanta Hawks, Jordan Clarkson, do Los Angeles Lakers, e Tyreke Evans, do Memphis Grizzlies – todos cotados para trocar de time neste período também.

Liquidação do Chicago Bulls

Quando o Chicago Bulls começou a ganhar jogos, eu cantei essa bola: mais do que vontade de vencer, a ideia do time era mostrar quem tinha valor no elenco e poderia usar a boa fase como trampolim para outros times. Nikola Mirotic é o símbolo disso. Depois de brigar com o colega Bobby Portis, ir para o hospital e ficar um bom tempo se recuperando, o jogador voltou a jogar e mudou a cara da equipe. Estava na cara que o objetivo ali era mostrar Mirotic para os outros times e negociá-lo assim que fosse possível – por ter renovado contrato, ele não podia ser trocado até meados de janeiro. Agora, valorizado, o montenegrino é uma moeda de troca interessante para quem precisa de um chutador eficiente. Por outro lado, o Chicago pode transformá-lo em mais uma peça útil para o processo de reconstrução da franquia (leia-se: escolhas de draft). Robin Lopez, pivô veterano da franquia, também está na vitrine, mas, se sair, não deve render lá algo muito valioso.

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Descartáveis do Los Angeles Lakers

O raciocínio tem um pouco a ver com o que acontece no Chicago Bulls. O plano do Lakers é se desfazer de quem o front office acha que não faz parte do plano futuro do time. Dizem que Jordan Clarkson, Larry Nance Jr e Julius Randle são os nomes mais quentes para sair do time. Faz algum sentido: Clarkson tem mais três anos de salário e Randle vai para seu segundo contrato ao final da temporada, quando deve ter um contrato bem mais gordo. Nance poderia ir como um bônus para que o Lakers conseguisse um troco bem valioso, já que o ala-pivô é bom e barato. Além deles, o sonho da franquia é se livrar do contrato imenso de Luol Deng, assim como fez com Timofey Mozgov na offseason passada, abrindo um bom espaço na folha salarial para o próximo ano.

Marc Gasol fora de Memphis

O Memphis Grizzlies, como era de se esperar, não conseguiu manter a pegada dos últimos anos. Além do time ter se enfraquecido, Mike Conley está de molho há um bom tempo. Sozinho, Marc Gasol não conseguiu carregar o time nas costas. Aos 32 anos, é bem possível que o pivô seja especulado em times da metade de cima da tabela, mais ou menos como tem acontecido com Deandre Jordan. A diferença aqui, para mim, é que Gasol é mais capaz do que Jordan, e acho que faria mais sentido em um time onde ele pudesse ter ainda um papel central na rotação – enquanto Jordan poderia chegar para ser só uma peça complementar. Equipes na posição e do calibre de Thunder, Blazers e afins podem se interessar.

Encaixando Derrick Favors e Kenneth Faried

Por fim, acho que tem dois nomes que há algum tempo estão envolvidos em boatos e que, agora, mais do que nunca, têm boas chances de trocar de ares. Derrick Favors, do Utah Jazz, e Kenneth Feried, do Denver Nuggets. Os dois ainda têm lenha pra queimar, mas já mostraram que não são muito úteis nos atuais esquemas de jogo dos seus times. Favors só consegue render quando Rudy Gobert, projeto de franchise player do Jazz, não está em quadra. Faried perde cada vez mais espaço e tempo de jogo com uma rotação que tem Nikola Jokic, Mason Plumlee, Paul Millsap e Trey Lyles na sua frente. A equipe que tiver disponibilidade de absorver os 12 milhões de salário que cada um recebe e precisar de um ala-pivô, mesmo que reserva, pode conseguir um dos dois sem precisar se desfazer de muita coisa.

Paul George, Demarcus Cosuins, Anthony Davis… Não!

Tem mais um monte de gente sendo especulada para as trocas do meio de temporada. Paul George indo para o Lakers, Demarcus Cousins ou Anthony Davis saindo para o Boston Celtics, Jonas Valanciunas como moeda de troca do Toronto… mas não acho que sejam prováveis. Se Paul George já era um negócio questionável antes – pelas condições contratuais e a explícita vontade de ir para Los Angeles ao final da temporada -, qual o sentido dele ser trocado novamente agora? O Pelicans vai abrir mão dos dois principais jogadores da sua única campanha vitoriosa em anos? Por que diabos Valanciunas seria trocado justamente quando reencontraram uma função para ele em Toronto? Enfim, por mais que existam conversas e que muita gente queira que estes negócios saiam, eu não acredito que possam acontecer. Mas só saberemos em definitivo no dia 8 de fevereiro.

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