Dois Dribles

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Sobre NBA e afins

Antes intermináveis, minutos finais de jogos melhoraram com nova regra

(AP Photo/Alex Brandon)

Uma das coisas mais chatas ao assistir um jogo de qualquer esporte é gastar um tempo infinito para ver, de fato, poucos minutos de ação. Isso é menos irritante no futebol, por exemplo, em que o jogo, salvo raríssimas exceções, terá necessariamente noventa e poucos minutos, mais os quinze de intervalo, independente de quanto teve de bola rolando de verdade. No caso de esportes como o do basquete, a dinâmica é mais maçante: até que se completem os 48 minutos de jogo (no exemplo da NBA) pode ser que a partida tenha que se desenrolar por mais de duas horas.

A coisa ficava ainda pior nos minutos finais das partidas equilibradas. Com mil tempos técnicos à disposição para pedir, com a possibilidade de parar o cronômetro com faltas, os segundos finais de uma partida se transformavam em uma dúzia de minutos entediantes. O momento que deveria ser o mais empolgante do jogo se transformava em uma enrolação torturante temperada por intervalos comerciais intermináveis – na média, cada minuto final de jogo durava cinco minutos e meio.

Ciente disso e preocupada com o eventual desinteresse do público, a NBA resolveu mudar a regra dos pedidos de tempo. Ao invés de cada time poder pedir nove paradas de jogo, a liga determinou para esta temporada que o máximo eram sete pedidos de tempo. Também limitou a quantidade de timeouts nos minutos finais de partida e prorrogações em dois tempos técnicos. Além de outras medidas, como acelerar o tempo que os jogadores demoram para bater os lances livres, limitar o tempo de intervalo e unificar a duração dos pedidos pelos técnicos para 75 segundos (antes eram de 90 e 20 segundos, mas com todos durando mais de um minuto na prática).

A maior preocupação da NBA era que os telespectadores estavam trocando de canal justamente quando o jogo chegava ao seu final e tinha o maior número de comerciais passando nas TV – e são as redes que mantém boa parte da receita da liga.

Apesar de parecerem tímidas, as medidas tiveram um impacto brutal no ritmo dos jogos. Os números absolutos talvez não deem a real dimensão da mudança – a média de duração total das partidas caiu de 2h15 para 2h10, apenas -, mas na prática a coisa melhorou bastante. Para começar, a média atual é puxada para cima pelos jogos de transmissão nacional nos EUA, que continuam com comerciais mais longos e paradas maiores como acontecia com a regra antiga. Mas excluindo estes casos, há várias partidas que acabam com menos de duas horas de duração, o que era uma raridade.

Mais importante ainda: na prática, os minutos finais dos jogos correm dentro de um fluxo razoável. O melhor exemplo é o final de jogo mais legal da temporada até agora, quando o Andrew Wiggins acertou um arremesso quase do meio da quadra para dar a vitória ao Minnesota Timberwolves contra o Oklahoma City Thunder. Sem tempos para pedir, o Wolves teve que bater o fundo-bola depois de sofrer uma cesta de Carmelo Anthony e correu a quadra toda para seu último arremesso. Sem paradas, sem comerciais, sem enrolação. Simplesmente basquete jogado de verdade.

Ainda acontecem pedidos de tempo, claro, mas eles são usados para os momentos cruciais – como quando o Phoenix Suns combinou a jogada ensaiada em que Dragan Bender lançou uma ponte-aérea para Tyson Chandler com menos de um segundo de partida por jogar. O que prova que a regra antiga não só tornava os jogos chatos, como era um exagero. Nem os times precisavam de tudo aquilo.

Que as próximas mudanças de regra – da revisão de jogadas, da eventual classificação para os playoffs independente das conferências, etc – tenham a mesma sorte.

 

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