Giannis Antetokoumpo: é bom você ir se acostumando com esse gigante

Pedro Brodbeck

(Ned Dishman/NBAE)

Se você por acaso ainda acha o nome de Giannis Antetokounmpo algo estranho, é bom ir se acostumando com a sopa de letrinhas. O desempenho do grego de 22 anos nestes dez primeiros dias de temporada mostra que, depois de quatro anos em uma evolução meteórica na liga, o ala do Milwaukee Bucks está pronto para brigar pelo título de melhor jogador da NBA.

Em cinco jogos, Giannis é o líder da liga em pontos marcados, o décimo segundo que mais agarra rebotes (o primeiro não-pivô), o vigésimo que mais distribui assistências para seus companheiros e o quinto que mais rouba bolas dos adversários. É o único jogador de toda a liga a figurar entre os 20 melhores de cada fundamento. Feito que nem Lebron James, um dos jogadores mais completos da história do basquete, conseguiu ao longo da sua carreira até então.

 

+ Técnico vice-campeão brasileiro aponta caminhos para o basquete feminino

+ FERA ENTREVISTA: Everaldo Marques, do sonho com o rádio até o Super Bowl

 

Antetokounmpo na verdade é isso, algo que nunca se viu antes, uma evolução da versatilidade física que tomou conta do basquete desde que Lebron James se consolidou como o melhor jogador desta era. Atletas que fazem de tudo em quadra, com tamanho para dominar o garrafão e agilidade para driblar um time inteiro. Giannis está no patamar seguinte: 2,11 metros, 4 centímetros a menos do que Shaquille O’Neal, por exemplo, mas com a capacidade de atravessar a quadra com apenas um quique de bola, dada a sua velocidade e o tamanho das suas passadas. A sua envergadura de 2,26 metros, uma das maiores da NBA inteira, fazem com que ele seja praticamente onipresente no jogo, com habilidade de sobra para armar o jogo e defender a própria cesta.

Essa imponência física foi o que fez o Milwaukee apostar nele quando ainda era jogador da segunda divisão grega – um lugar que, convenhamos, não é dos mais comuns para se garimpar uma futura estrela da NBA. Mas o biotipo era especial o bastante para fazer valer o risco de perder uma escolha de primeiro round de draft naquela aposta. Hoje, indiscutivelmente Giannis é o mais brilhante daquela safra de jogadores.

Se era previsível que Giannis evoluiria fisicamente assim (literalmente, já que cresceu cinco centímetros desde sua estreia em 2013), a atual temporada prova que tecnicamente o jogador subiu de patamar. Está no mesmo degrau dos melhores. Até porque a NBA já teve inúmeras aberrações físicas, mas a maioria delas não chegou a vingar.

Com o grego tem sido diferente. Ele entendeu que é imparável no contra-ataque e força todas as jogadas que pode neste tipo de situação. 25% das suas cestas saem com menos de seis segundos no relógio de posse de bola e ele converte nove em cada dez tentativas nestas circunstâncias. Também compreendeu que sua maior habilidade para pontuar é colado à cesta e agora arremessa  71% das vezes a menos de três metros do aro. Um amadurecimento que privilegia seus pontos fortes – algo que estava longe de acontecer nos primeiros anos de carreira.

 

+ Basquete é só para gigantes? Confira os mais baixinhos da história da NBA

+ Coisa linda! Escolha e vote na camisa mais bonita da temporada da NBA

 

Esse talento ainda imensurável e a capacidade atlética inédita do grego também desafiam algumas verdades da NBA atual, como a de que o chute de três pontos é uma arma básica para o sucesso – nunca os times arremessaram tanto de fora do arco e o imbatível Golden State Warriors é o maior exemplo disso. Se há um fundamento que Giannis está razoavelmente abaixo da média é o chute de longa distância. E ele sobrevive bem a isso, por enquanto, sem cair no modismo.

No entanto, o jogador é jovem o bastante para, eventualmente, desenvolver esta habilidade. Isso, aliás, é o mais assustador nele: certamente tudo isso ainda não é o auge da sua capacidade. É muito provável que nos próximos anos ainda vejamos um Giannis ainda mais técnico, decisivo e dominante. É bom ir se acostumando com isso.