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Aos 33 anos e no auge, Lebron parece ter combustível inesgotável

(Ken Blaze-USA TODAY Sports)

Lebron James completou 33 anos em dezembro. Daqui alguns meses, completará a sua 15ª temporada da NBA, sendo que em 13 delas terá ido aos playoffs – e há 7 anos, vencendo ou perdendo, leva seu time até o último jogo do campeonato. Sem dúvidas, Lebron James é uma máquina.

Se compararmos com os jogadores que têm mais ou menos a mesma idade que ele ou que entraram na liga na mesma época, sua durabilidade fica ainda mais evidente. De 2003 para cá, Lebron entrou em quadra, contando temporada regular e playoffs, 1351 vezes. O segundo colocado, Tony Parker, jogou 1218 partidas. Uma diferença de 133 jogos pro segundo mais durável – praticamente o equivalente a uma temporada e meia de basquete. Em minutos, a apelação fica maior: James jogou 52 mil minutos neste meio tempo e o segundo lugar, Joe Johnson, atuou por 44 mil minutos.

Lebron James é dos jogadores mais duráveis da atualidade e, pelo que tudo indica, vai ser um dos mais longevos de todos os tempos. Menos de 20 caras que jogaram a temporada de 2003, a de estreia dele, ainda estão na ativa. Quase não dá para compararmos seu pique com os de Dwyane Wade e Carmelo Anthony, os mais ativos dessa turma e que entraram na liga no mesmo ano que James. Até caras que entraram depois dele, como Dwight Howard e Chris Paul, que também são mais novos, não estão mais com o mesmo gás. Todos já entraram em uma curva descendente de desempenho, enquanto Lebron ainda parece estar em seu auge.

Mesmo os maiores da história já começavam a mostrar alguns cansaço nesta fase da carreira. Só ele e Karl Malone tiveram temporadas com 33 anos ou mais com este volume de minutos por partida (37 ou mais), com esse impacto nos seus times (win share, estatística que tenta medir o número de vitórias que cada jogador adicionou à campanha do seu time, de 13 ou mais) e que já esteja na sua 15ª temporada em diante.

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Malone é o cara mais durável da história da NBA, incontestavelmente. Nos seus primeiros 18 anos como profissional, só deixou de jogar 10 partidas. Só teve lesões sérias de verdade na sua última temporada, aos 40 anos de idade.

Nesse ritmo, Lebron tem boas chances de superar o Mailman como o basqueteiro mais indestrutível de todos os tempos. Lebron entrou na NBA bem mais novo do que Malone e, mesmo assim, não dá sinais de desgaste – um feito e tanto, já que a rotina profissional é muito mais pesada e exigente do que a universitária.

Lebron é o retrato de uma genética fabulosa, de uma sorte ímpar e da evolução tecnológica e dos cuidados fisiológicos. Mav Carter, amigo de infância de Lebron que hoje ajuda a gerir sua carreira, disse que o jogador gasta cerca de 1,5 milhão de dólares por ano em câmaras hiperbáricas (que simulam uma pressão atmosférica superior à natural e que ajudam na recuperação física), crioterapia (técnica de tratamento com gelo), botas pneumáticas usadas para recuperação de maratonistas, dietas, treinamentos e tudo mais.

Nessa pegada, ele tem boas chances de bater recordes que pareciam inalcançáveis – mas que começam a se tornar atingíveis para alguém que entrou na liga ainda adolescente e uma década e meia depois ainda joga como tal. Jogando mais uns cinco anos nesse ritmo, Lebron superaria Kareem Abdul-Jabbar em minutos totais (aos 38, algo plausível). Para bater o recorde de partidas jogadas de Kevin Willis, teria que jogar mais sete anos (um pouco mais difícil, mas possível). Mais perto até, sem sobressaltos, Lebron deve se tornar o maior cestinha da liga em umas quatro temporadas.

Há quem use esse argumento da longevidade e durabilidade de Lebron para tirar o mérito do jogador. Que ele só teve esse impacto, só atingiu estes recordes por causa dessa sua habilidade nata de conseguir se manter bem independente da fase da vida, enquanto Michael Jordan, por exemplo, é um dos maiores cestinhas da história mesmo tendo interrompido sua carreira algumas vezes. Besteira. Assim como a eficiência de Jordan era bárbara, a consistência de Lebron é desumana. Este é, inclusive, um fator fundamental para uma boa carreira no esporte. Talvez até o mais importante de todos.

Por isso, mensurar a carreira de Lebron James por tudo que já passou pode até colocá-lo em um lugar entre os maiores de todos os tempos, mas, ainda assim, é prematuro. Do jeito que as coisas vem caminhando – ou correndo -, Lebron ainda vai subir vários degraus no panteão da NBA, independente de onde você já acha que ele já está hoje.

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