(Bob DeChiara-USA TODAY Sports)
Na última vez que se enfrentaram em um confronto de playoffs, o cenário era muito diferente.
Era 2012. O Boston Celtics tentava tirar o último caldo de um elenco que tinha sido campeão quatro temporadas antes e desde então vinha batendo na trave para retomar o troféu Larry O’Brien. O Philadelphia 76ers alcançava o segundo round dos playoffs pela primeira vez desde o auge de Allen Iverson pela equipe, quase dez anos antes. Vinha de uma vitória heroica em que derrubou o Chicago Bulls, que tinha sido o líder da NBA inteira na temporada regular, mas perdeu Derrick Rose, lesionado, logo no primeiro jogo da série.
De um lado, um Boston com um time cada vez mais velho, com Kevin Garnett, Paul Pierce e Ray Allen, que não duraria muito mais tempo. Do outro, um Philadelphia que mesclava jovens talentos que pareciam promissores, como Evan Turner, Jrue Holiday e Nikola Vucevic, com veteranos consolidados na liga, como Andre Iguodala, Lou Williams e Elton Brand.
A disputa foi até o último jogo, com vitória apertada do Celtics. O desfecho parecia bom pros dois lados. O time verde enfrentaria o todo poderoso Miami Heat na final de conferência e o Philadelphia vinha pra mais uma temporada, agora pronto para se tornar um dos melhores times do Leste.
O ano seguinte, no entanto, foi crucial para redefinir o futuro dos times. O Boston acabou que não conseguiu passar do time de Lebron e viu que os próximos anos seriam difíceis para superar o Heat com um elenco envelhecido. O Phila tentou uma troca ousada, em que abriu mão de Iguodala e Vucevic por Andrew Bynum, pivô de apenas 25 anos e que no ano anterior tinha sido all-star e all-nba, mas que nunca pisou em quadra pela equipe por problemas de lesão e falta de vontade de jogar. Em uma temporada, os dois times viram que não dava mais para insistir nos atuais elencos. Um, envelhecido, não tinha mais gás. O outro, fracassado por trocas que não deram certo, tinha que tentar alguma alternativa. Foi aí que cada um tomou uma decisão – que hoje coloca os dois times na condição de promessas de dinastia para as próximas temporadas.
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Do lado do Boston Celtics, a franquia escolheu rifar todo seu elenco por escolhas de draft que pareciam que não seriam tão boas e jogadores medianos. Do outro, o Philadelphia 76ers partiu para o mais profundo e ousado projeto de ‘tanking’, que é o hábito de perder de propósito para ter as melhores chances de conseguir as escolhas mais altas do draft e, assim, selecionar por alguns anos seguidos os melhores talentos disponíveis no draft.
Os dois projetos deram certo. É verdade que um lado sangrou mais – o 76ers teve quatro temporadas vergonhosamente horrorosas, em que não tinha o menor pudor de perder por semanas a fio – e que teve outro que contou com uma boa dose de sorte – não era de se esperar que o Brooklyn Nets, time que pegou o pacote de veteranos do Celtics, iria implodir e render tantas escolhas boas nos draft dos anos seguintes, mas os dois foram bem sucedidos em suas propostas.
Os dois provam dois métodos completamente diferentes. Um conseguiu o mérito de reunir dois talentos que dão pinta que logo estarão na disputa pelo troféu de MVP – e ainda com outro no banco de reservas que é uma incógnita. O outro chegou ao mesmo patamar indo aos playoffs quase todos os anos, com escolhas mais cirúrgicas de calouros, e com um excelente elenco de apoio, fruto de negociações precisas.
Não acho que o confronto deste ano vá ser determinante quanto ao futuro de cada um. Os dois times têm muito talento e muita coisa pela frente. Mas acho que pode dar uma rodagem interessante para começar uma próxima temporada mais cascudo, pronto para subir de patamar.
O meu palpite para a série, aliás, vai ao encontro disso. Apesar de achar que o processo do Boston Celtics foi mais sustentável, inteligente e tem mais chances de se transformar em uma dinastia, aposto que o Philadelphia 76ers leva o confronto.
Por tudo isso, eu até estou ansioso pelos jogos do mata-mata entre os dois times, mas estou muito mais animado com o que está por vir nos próximos anos.