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Com início discreto, Lonzo Ball descobriu que a NBA não é o quintal de casa

(Kelvin Kuo-USA TODAY Sports)

O início da jornada de Lonzo Ball no basquete profissional não está sendo fácil. O armador calouro do Los Angeles Lakers, o mais badalado estreante da liga em anos, vem registrando alguns recordes negativos. Ninguém em toda a história começou a carreira jogando tanto, tendo tantas oportunidades e chutando tão mal. Seu aproveitamento de apenas 29,2% nos arremessos é o pior da história da NBA pra jogadores com mais de dez tentativas por partida. Os 22% nos chutes dos três também são pífios. O acerto de só 38% nas bandejas e chutes de dentro do garrafão é o pior da liga atualmente, também.

Entre os calouros, Lonzo é apenas o décimo em pontuação. É um dos últimos em win share, estatística que mede a contribuição do jogador nas vitórias do time – muito atrás do seu colega de Lakers, Kyle Kuzma.

 

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O desempenho discreto contrasta com a expectativa criada por muitos torcedores de que Lonzo chegaria na NBA já como uma estrela e, principalmente, do seu polêmico pai, Lavar Ball, que esperneava que o garoto levaria o Lakers aos playoffs já neste primeiro ano e que praticamente revolucionaria o basquete. Lavar ainda diz ter outros dois craques jogando em casa, os mais novos Liangelo e Lamelo, mas o início fraco do primogênito comprova que o basquete profissional não é a mesma coisa que uma pelada de final de semana da família Ball. Na NBA, o buraco é mais embaixo.

O fato é que todo jogador que está na liga já foi um craque no seu microuniverso. Os reservas dos reservas já foram os melhores das suas universidades. Aqueles que não têm minutos eram os mesmos que dominavam as peladas da vizinhança. A NBA é a concentração dos melhores e não basta ser excelente para se destacar: tem que estar no lugar certo, na hora certa, ter sorte, etc.

Nem acho que esse desempenho de Lonzo seja preocupante, na real. Começar na liga já fazendo barulho é para poucos e nem é garantia de sucesso – Michael Carter Williams, calouro do ano em 2013 e com uma das melhores performances de estreia na história, hoje mal consegue se manter com contrato com algum time. O normal é começar assim, evoluindo aos poucos. Armadores, então, tendem a estrear sem muito alarde. Uma comparação frequente que é feita com Lonzo, Jason Kidd, teve um início de carreira com números de pontos, rebotes, assistências e arremessos muito parecidos, o que não o impediu de ser um dos maiores armadores das últimas décadas. O problema não é exatamente o que Lonzo tem mostrado, mas o que muita gente esperou dele antes mesmo de entrar em quadra.

 

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Eu até entendo que seja estranho Ball chutar tão mal depois de ter uma temporada muito eficiente na universidade. Apesar da mecânica bizarra, Lonzo tinha excelentes aproveitamentos por UCLA (55% nos arremessos gerais e 41% dos três pontos). Aqui, neste caso, me parece que o jogador tremeu. A ficha da pressão caiu e ele não respondeu muito bem. Normal, acontece – ele estreou na liga com menos de 20 anos. Tem cara que cresce diante de um cenário desses e tem quem se acanhe em um primeiro momento.

Às vezes, se a personalidade dele é assim mesmo, começar a carreira discretamente, mesmo que seja decepcionando aqueles que apostavam mais alto nele, pode ser uma boa para espantar os holofotes – é muito fácil pirar com todo o hype do mundo nas costas. É bom também para que seu pai pare de falar tanto e preserve um pouco o garoto.

Dez jogos ainda é uma amostra muito pequena para determinar como será a carreira de Lonzo. Só é o suficiente para a gente perceber que jogar na NBA não é a mesma coisa que bater uma pelada contra os irmão no quintal de casa.

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