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‘Crise do meio da temporada’ é o maior desafio do Denver Nuggets

(AP)

O mês de janeiro é um tradicional divisor de águas na temporada da NBA. É por essa época do ano que geralmente quem vai aos playoffs mostra que tem bala na agulha e quem não tem cacife começa a perder o gás. É tradicional, também, que os times mais inexperientes sofram mais com isso e passem por uma chamada ‘crise do meio da temporada’. Ainda sem a casca dos mais rodados, a turma mais nova tende a sofrer com os vários confrontos em sequência. Geralmente ainda parte de times em formação, ficam para trás quando as equipes mais bem montadas se ajustam e entrosam para a metade final da temporada. O time mais ameaçado por isso no momento é o Denver Nuggets, que precisa superar essa dificuldade para atingir o objetivo de se classificar aos playoffs.

A briga pelas últimas vagas no Oeste tem tudo para ter momentos decisivos ao longo de janeiro. Duas vitórias separam do quinto ao nono colocado da conferência. Em tese, a menos que aconteça alguma surpresa, só um time entre Oklahoma City Thunder, New Orleans Pelicans, Portland Trail Blazers, Denver Nuggets e Los Angeles Clippers vai ficar de fora – e o que está vivendo a tal ‘crise do meio da temporada’ é o Denver Nuggets, com quatro derrotas nos últimos seis jogos. Seis derrotas nos últimos dez.

Era de se esperar. Destes times, o Denver é o que tem o time titular mais novo, que tem o jogo mais ‘soft’ e que tem menos experiência recente em playoffs. Em resumo, quando o pau come, quando a coisa aperta, é o que, historicamente, tem mais chance de entregar o ouro.

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Os três principais jogadores do time são Gary Harris, 23 anos, Nikola Jokic, 22 anos, e Jamal Murray, 20 anos. O caso do pivô sérvio é emblemático: mesmo tendo 2,08 metros e jogando lá no meio do garrafão, Jokic destoa do perfil do big man bruto, que se impõe na base da porrada. Ele joga leve, distribui as bolas, passa com maestria. Se move quase como um bailarino em quadra (SEU APELIDO É BIG HONEY E ACHO QUE ISSO EXPLICA TUDO…).

Harris e Murray seguem a mesma linha. Não defendem na base da paulada, se impõe mais com posicionamento do que com o físico – é o backcourt mais leve, literalmente, da liga, com 183 quilos somados. Até por isso, pela atitude e perfil de jogo do trio, o Denver é o segundo time que menos comete faltas em toda a NBA, atrás somente do San Antonio Spurs, um time reconhecidamente ‘fino’ no trato da bola de basquete.

É claro que este estilo de jogo não é determinante para a tal crise que ameaça do Nuggets. Dá para superar o mês de janeiro sendo um time jovem e mais técnico do que físico. Só é preciso ter cuidado. Talvez até testar algumas alternativas para quando os jogos descambarem.

Certamente o desfalque de Paul Millsap, principal reforço do time para a temporada, exímio defensor e colega experiente, vai ser sentido neste período. A grosso modo, é isso que hoje distancia o Minnesota Timberwolves do Denver. Um tem Millsap machucado. O outro tem Jimmy Butler decidindo os jogos no último quarto – um detalhe: o Nuggets é o terceiro time com pior média de pontos e com o pior saldo nos quartos períodos.

Talvez esperar um papel mais ativo de veteranos como Richard Jefferson e Wilson Chandler nas próximas rodadas seja uma boa saída. Por outro lado, ir ao mercado para se desfazer de Kenneth Faried, uma ideia que parece vir amadurecendo ao longo dos últimos tempos, talvez não seja uma alternativa tão boa, já que o ala pivô é um dos mais experientes do elenco e movimentar algumas peças a esse ponto da temporada pode ser decisivo para fazer a química do Denver desandar de vez.

Qualidade de elenco e capacidade no banco eu acho que o Nuggets tem para estar entre os oito – principalmente se comparado à maioria dos rivais pelas últimas vagas dos playoffs. Mas o momento de provar que pode voltar à pós-temporada é agora.

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