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Dificilmente Simmons e Mitchell serão eleitos, juntos, calouros do ano

(Bill Streicher-USA TODAY Sports)

Certamente seria merecido, mas é praticamente impossível que Ben Simmons e Donovan Mitchell ganhem, juntos, o prêmio de Rookie of the Year. Essa é uma conversa que surge todo ano em que dois jogadores dominam a disputa e dividem as opiniões do público, mas a verdade é que, com as regras atuais e nas condições que Simmons e Mitchell se encontram, a probabilidade disso acontecer é praticamente nula.

Digo isso porque a decisão de escolher um jogador como MVP, melhor calouros, etc, não parte de uma pessoa. É uma eleição. São 120 jornalistas e mais um voto popular a partir de enquetes com os torcedores que definem estes prêmios.

É verdade que em outros tempos jogadores já dividiram este tipo de premiação. Jason Kidd e Grant Hill foram, juntos, eleitos os calouros do ano em 1995 e Elton Brand e Steve Francis também dividiram o troféu em 2000. Acontece que a eleição era diferente a as condições de disputa eram outras.

Naquela época, em 1995 e 2000, os jornalistas só votavam em quem eles achavam que deveria ser o calouro do ano. Mas em 2003 isso mudou. Eles passaram a votar em nos três melhores calouros. Com todos os votos recebidos, a NBA atribui 5 pontos para quem recebeu votos para melhor calouro, 3 pontos para segundo melhor calouro e 1 pontos para o terceiro de cada lista. Se antes podia, em um golpe de sorte, uma metade votar em um e outra metade em outro, agora seria necessário que Simmons e Mitchell empatassem exatamente no número de pontos totais.

Isso é bem difícil por alguns fatores. Além do simples fato de ter que coincidir exatamente que uma divisão muito precisa acontecesse entre os jornalistas, a NBA atualmente conta com um ‘colégio eleitoral’ com número ímpar de participantes. Então seria necessário que 60 votos fossem para um, 60 para o outro e um voto fosse maluco, para outra pessoa. Isso é bem improvável de acontecer pela forma como foi a disputa ao longo do ano. Por mais que se discuta o quanto Jayson Tatum possa vir a ser um craque ou o tamanho da surpresa que foi Kyle Kuzma, ninguém em sã consciência pode votar em alguém diferente de Simmons e Mitchell.

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Em 1995 e 2001, o número de votos totais também era ímpar, mas a disputa não era tão polarizada. Outros jogadores também receberam alguns votos para calouros do ano, o que permitiu que os vencedores pudessem empatar na liderança.

Por mais que a disputa desta temporada seja muito parelha, os jornalistas terão que escolher por alguém. Suspeito que vá ser algo parecido com 2004, quando Lebron James e Carmelo Anthony brigaram cabeça a cabeça pelo troféu. Por mais que a corrida tenha sido bastante equilibrada ao longo do ano, na hora da votação um se sobrepôs ao outro. Lebron levou 78 votos como melhor calouro e 40 como segundo melhor. Carmelo, o contrário: 40 para melhor estreante e 78 como segundo melhor.

Meu palpite é que Ben Simmons leva. Com uma disputa tão equilibrada, eu imagino que o momento em que os votos foram enviados pode favorecer o jogador do Philadelphia 76ers. Os jornalistas tiveram que registrar suas escolhas na última semana da temporada regular, quando Simmons carregava, sozinho, sem Joel Embiid, seu time a uma sequência de 16 vitórias. Mitchell, apesar de um final de temporada muito bom, não contava com esse apelo de Simmons.

Certamente se os votos fossem computador agora, na primeira semana dos playoffs, o armador do Utah Jazz ganharia algumas cédulas a mais em função da excelente performance nas primeiras partidas do mata-mata.

Vai ser apertado, seria merecido que os dois pudessem dividir o prêmio, mas não é o que vai acontecer. Só um será eleito o melhor calouro do ano.

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