Mais uma vez, Lebron provou que não é inteligente apostar contra ele

Pedro Brodbeck

USA TODAY SPORTS

Parecia que, desta vez, finalmente Lebron James não iria manter sua impressionante sequência de idas a finais da NBA. “Achou errado, otário”. Pela enésima vez na sua carreira, Lebron nos provou que não é inteligente apostar contra ele, mesmo que as condições sejam completamente adversas.

Em um jogo feio de doer (aliás, as finais de conferência estão todas assim, né?), com muito esforço defensivo dos dois lados, o Cleveland Cavaliers conseguiu, justamente no jogo 7, tirar a invencibilidade do Boston Celtics nos seus domínios e passar adiante.

Para isso, foi necessário que James jogasse rigorosamente todos os minutos de jogo – isso na sua centésima partida da temporada! -, colocasse a laranja debaixo do braço e chamasse absolutamente toda a responsabilidade para si. Deu certo. O Cleveland conseguiu virar uma diferença de 12 pontos para o time da casa e fechar a partida com vitória.

Nisso, Lebron fez de tudo. Começou o jogo no melhor estilo “Mamba Mentality”, chutando todas as bolas possíveis. Depois, com toda a marcação ao seu redor, distribuiu mais o jogo para que Jeff Green e, quem diria, JR Smith o ajudarem. Deu mais um daqueles tocos que vão entrar pra história – apesar de ter oscilado muito na defesa e ter tomado uma enterrada de Jayson Tatum violentíssima na cara. Pegou 15 rebotes. Brigou muito. E se classificou.

A campanha deste ano, a mais heroica das classificações à final desde que isso se tornou uma obrigatoriedade para ele, foi boa para que déssemos o devido valor ao feito dele ser o único jogador que conseguiu vencer oito vezes consecutivas a sua conferência desde que a NBA se tornou uma liga profissional de verdade (quando o Boston de Bill Russell chegou a dez finais seguidas, o campeonato não tinha nem dez equipes e a competitividade era bastante comprometida).

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Por mais que a conferência Leste não seja um primor de qualidade, o feito é admirável. Se ele é o único a conseguir isso, é porque nunca foi eliminado em um primeiro round mesmo quando tinha times medonhos ao seu redor, na primeira passagem pelo Cavs (só como exemplo, até Michael Jordan caiu três vezes logo de cara nos playoffs) e porque nunca caiu mais cedo do que deveria quando tinha um excelente time ao seu lado (aqui é quase impossível enumerar todas as vezes que times líderes de conferência e estrelas já entregaram o favoritismo nos mata-matas).

Com uma equipe que simplesmente não consegue jogar junta ao seu redor (seja por falta de qualidade, por falta de comando técnico ou falta de envolvimento com o próprio Lebron) e contra um time que tem tudo pra se tornar uma potência daqui em diante, comandado por possivelmente o melhor técnico da NBA dos próximos muitos anos, James mostrou que tem uma capacidade infinta para superar cenários completamente adversos e vencer, seja quem for.

Nesta caminhada, Lebron já venceu dois jogos 7, já meteu dois chutes no estouro do cronômetro para fazer seu time vencer, já varreu o time de melhor campanha. Contra o Boston, em toda a série, fez três vezes mais pontos que qualquer colega de time e quatro vezes mais assistências. Também foi o líder em rebotes entre os dois times. Não jogou sempre sozinho, mas quase isso.

Agora aguarda para ser o azarão seja lá quem for o vencedor de Golden State Warriors e Houston Rockets. Mas mesmo em desvantagem, eu prefiro ficar em cima do muro. Por mais difícil que seja ganhar daqui pra frente, não vou ser ingênuo de apostar contra ele.