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O Los Angeles Clippers mudou, mas os problemas ainda são os mesmos

(AFP)

Saiu Chris Paul, chegaram Milos Teodosic, Patrick Beverley, Danilo Gallinari e mais um punhado de reservas. O desafio era viver independentemente do armador que mudou a cara da franquia nos últimos anos e se livrar da maldição de conviver com um time mais completo no departamento médico do que em quadra. Se ainda é cedo para dizer o quanto o time superou ou não a saída de CP3, o Clippers já sofreu baixas suficientes para a gente ter certeza que o mesmo sapo continua enterrado no Staples Center.

Em apenas 16 partidas jogadas, o time já não pode contar com Teodosic em 13 deles, Gallinari esta fora há 7 jogos e Patrick Beverley ficou encostado em 5. Não por acaso, há 9 jogos o time só perde – pior sequência em curso em toda a NBA.

Justamente a saúde dos jogadores que foi um problema na franquia nos últimos anos atormenta o time agora, mais uma vez. Antes da supremacia do Golden State Warriors ser algo inquestionável, o Clippers surgia como uma das principais forças da NBA. Os dois, inclusive, formavam a rivalidade mais quente da liga há coisa de quatro anos. Todos os anos começava a temporada como um dos favoritos. E todo ano terminava com uma campanha abaixo das expectativas, sempre com o elenco incompleto por causa de lesões. Ficou pelo meio de caminho, tropeçando nestes problemas, enquanto o Warriors desencantou.

Difícil afirmar categoricamente o motivo disso acontecer antes – se era algum problema da preparação da equipe -, mas o triste é constatar que pra esta temporada este tipo de problema chega a ser previsível. Boa parte dos contratados tem um histórico amaldiçoado por lesões. Gallinari e Beverley, dois titulares, via de regra perdem 1/3 das suas temporadas machucados. É de praxe. Agora é de se questionar o quanto valeu a aposta de boa parte das fichas do time nos dois, especialmente para um time traumatizado por esse mal.

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As coisas ainda podem piorar. Infelizmente, os problemas não param por aí. Doc Rivers, um técnico que veio perdendo a moral ao longo dos últimos anos, não tem se mostrado muito criativo diante das adversidades – e criatividade é o que se espera quando algumas coisas não vão bem com o elenco.

O time é lento, o que de cara já não combina muito com o estilo de ataque de Blake Griffin e Deandre Jordan. Com isso, abusa do jogo de meia quadra – o que não é nenhum pecado, mas funciona com equipes que tem uma movimentação de bola bem organizado e intenso, o que não é o caso do Clippers. Um exemplo de como o time não consegue mexer a bola e seus jogadores é a franquia ser a quarta com menos assistências em todo o campeonato.

Boa parte das posses de bola se resumem a alguém largar a laranja nas mão de Griffin no perímetro e o jogador driblar até cair no post ou chutar de fora. Uma tática simples e previsível para as defesas.

Diante disso, DeAndre Jordan, um jogador que é muito eficiente no ataque, mas que só consegue produzir bem em situações muito específicas, tem tido o pior rendimento no ataque dos seus últimos seis anos. O aproveitamento nos seus arremessos caiu consideravelmente e sua média de pontos também – apesar de ter aumentado o número de rebotes ofensivos, o que deveria naturalmente inflar suas estatísticas de pontuação. Isso só prova o quanto ele tem sido subutilizado nas demais jogadas. Sob a versão mais atual de Doc Rivers, Jordan é um mero lixeiro das besteiras alheias, nada envolvido nas ações do time.

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Isso que Doc foi deposto do cargo de executivo do time para que se concentrasse única e exclusivamente na prancheta e nas ações à beira da quadra, dado o seu rendimento decepcionante nas últimas temporadas. Até agora, mais do mesmo e pouca diferença – nenhuma positiva.

A título de comparação, Erik Spoelstra sofreu ano passado quando metade do seu time foi afastado por problemas físicos. Justamente nesta época, ele foi capaz de reformular a equipe e emplacar uma campanha impressionante de 30 vitórias e 10 derrotas. David Fizdale, do Memphis Grizzlies, conseguiu amenizar os danos da campanha do time quando também teve problemas com lesões no elenco. Doc, um técnico que já foi campeão, parece que perdeu a mão.

Das poucas vitórias do time até aqui, só os trunfos diante do Portland Trail Blazers e Utah Jazz tem algo de significativo. De resto venceu um Los Angeles Lakers ainda assustado na estreia, o Phoenix Suns quando ainda estava com Earl Watson (e entregava todas as partidas) e o Dallas Mavericks, que consegue ter uma campanha tão ruim quanto o próprio Clippers, com a diferença que o Dallas se planejou para ser ruim e galgar uma posição mais interessante no draft.

Se o elenco em quadra mudou, se os nomes são outros, o uniforme melhorou, o discurso evoluiu, em quadra, o basquete continua decepcionante.

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