O que está acontecendo com as novas camisas da NBA e por que elas rasgam tão fácil?

Pedro Brodbeck

(Bill Streicher-USA TODAY Sports)

A parceria entre Nike e NBA não começou como a marca e a liga esperavam. A empolgação inicial pelos novos modelos e pela tecnologia inovadora do material dos uniformes se despedaçou junto com algumas camisas que se rasgaram durante logo nos primeiros jogos da temporada.

Em pouco mais de um mês de bola quicando, contando os jogos amistosos da pré-temporada e o campeonato de fato, cinco incidentes chamaram a atenção: um número que se descolou da camisa de Tyler Ennis, do Los Angeles Lakers, um talho aberto nas costas de Lebron James na abertura da temporada (quando o mundo inteiro assistia a partida), a regata de Draymond Green que praticamente esfarelou quando ele se atracou com Bradley Beal em uma briga, um rasgo que dividiu em dois o uniforme de Ben Simmons e Kevin Love ter partido sua camisa ao meio em um gesto meio banal no banco de reservas.

Não que seja incomum que camisas rasguem durante os jogos. É algo que sempre aconteceu, seja com a Nike, com a Adidas, Rebook ou a saudosa Champion – nos últimos anos, alguns casos clássicos rolaram, como o número da camisa de Amare que desapareceu durante um jogo, as golas rasgadas de Josh McRoberts e Darko Milicic e a vez que Lebron James se irritou com as mangas da camisa e arrancou durante um jogo, todos com a Adidas. E é algo que até se espera que aconteça até. O que chama a atenção agora é a forma como isso tem acontecido e o momento que rolou.

Mal as camisas estrearam, o maior garoto propaganda da Nike na atualidade teve seus números separados por um rasgo que eu nunca tinha visto acontecer em um jogo de basquete. Um talho estranhou apareceu entre os números 2 e o 3 das costas de Lebron James. Uma semana depois, Lance Stephenson puxou a camisa de Ben Simmons, que se arrebentou com uma facilidade espantosa. Não foi só um rasgo. A camisa virou um trapo em uma fração de segundos.

Se elas rasgam com mais ou menos frequência que o dos concorrentes é difícil dizer com toda a certeza – os outros incidentes eu considero bem normais -, mas pelo fato da parceria entre Nike e NBA ser o acordo de fornecimento de material esportivo mais caro da história do basquete – 1 bilhão dólares para oito anos – não era de se esperar que esse tipo de coisa acontecesse. Aliás, só faz com que a cobrança sobre a marca seja ainda mais pesada.

Por aqui, o negócio fica ainda mais complicado pelo fato das camisas nas lojas terem ficado ainda mais caros para os torcedores.

A própria empresa admite preocupação com os episódios. Questionada pelo blog, a Nike respondeu que “um pequeno número de atletas sofrerem rasgos significativos nas camisetas”, que ficam “muito preocupados de ver qualquer rasgo” e que estão “trabalhando para implementar uma solução que envolve melhorar o processo de produção e a resistências das camisas de jogo”. Ainda que não fique muito claro o que será feito na prática, me parece que o modo de produção está sendo revisto e o material repensado. Vamos ver o que será feito e quando. Como os primeiros incidentes aconteceram há algumas semanas, é provável que a empresa já esteja agindo. Só o tempo e a queda na frequência dos rasgos que vão dizer a eficiência da medida.

Eu acho uma pena que isso esteja acontecendo. Gostei do pouco que foi alterado nos layouts dos uniformes. Achei que as camisas do Suns, Wolves, Sixers, Pacers e Hornets ficaram excelentes. Das outras, não lembro de alguma que tenha mudado para pior.

Se há um alento, não vi nenhum relato de que isso tenha acontecido fora do jogo – com camisas das lojas, compradas por torcedores. Talvez o problema seja apenas do material usado no modelo dos atletas. É algo para se observar. E todo mundo está observando mesmo.