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Por que Westbrook não está nas conversas para ser MVP deste ano?

(Jasen Vinlove/USA TODAY Sports)

Russell Westbrook não será o MVP deste ano, mesmo tendo fechado a temporada com médias de triplo-duplo (mais de dez pontos, rebotes e assistências por jogo) pelo segundo ano consecutivo, um feito inédito na história da NBA. Isso pode parecer estranho, já que atingir médias absurdas tenha sido um dos principais argumentos para que Westbrook tenha sido eleito o melhor jogador da temporada, mas, no fundo, não é. Não são os números, as estatísticas e as vitórias que definem o MVP, mas qual jogador tem a melhor história para ser considerado o craque do ano – e, nesta temporada, o enredo de Westbrook não é nem de longe o melhor.

Da vez passada, Russell foi protagonista mesmo antes do campeonato começar. Quando Kevin Durant anunciou que sairia do Oklahoma City Thunder para se juntar ao Golden State Warriors, todos os olhos se voltaram para Westbrook, que assumiu o papel de ‘marido traído e vingativo’. O abandono do ex-colega era o combustível da raiva do armador. E essa raiva se transformou em números.

E essa foi a grande história da temporada. Abandonado pelo ex-companheiro, Westbrook teria que levar um time sozinho nas costas. De quebra, ainda emplacou estatísticas que ninguém mais registrava há décadas. Isso de certa forma até justificou que o prêmio fosse dado a um jogador de um time que não tinha fechado o ano com uma campanha tão boa quanto a dos outros MVPs.

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Neste ano a coisa é diferente. A treta entre ele e Durant esfriou e narrativa de que Westbrook carregou o Thunder nas costas de forma heroica também se desconstruiu – Victor Oladipo e Steven Adams estavam lá e hoje vemos que ambos não eram tão ruins assim, o time se reforçou para este ano e não conseguiu evoluir como o esperado… Assim, Russell não conseguiu o mesmo protagonismo dos rivais.

O fato de James Harden ter sido preterido nos últimos anos e ter liderado o Houston Rockets à uma campanha melhor que a do Golden State Warriors é muito mais notável. Ou de Lebron James conseguir ter o melhor ano da sua carreira quando era de se esperar que apresentasse os primeiros sinais de declínio físico e quando teve ao seu redor o elenco menos estrelado em anos. Até as histórias de Demar Derozan (melhor jogador no melhor time do Leste, superando Boston Celtics e Cleveland Cavaliers) e Giannis Antetokounmpo (‘força da naturez’a que pode atormentar o reinado de Lebron James pelos próximos anos) são mais empolgantes.

Mesmo registrar uma média de triplo-duplo já não é mais tão impressionante. Por mais que seja algo ainda absurdo, não tem mais o ineditismo do ano passado. Além do mais, com a velocidade do jogo cada vez maior, emplacar números como estes, apesar de difícil, não chega a ser um feito tão inalcançável quanto era antes – a média de triplos-duplos mais do que dobrou de dois anos para cá.

Claro, apesar do contexto, Westbrook ainda é o único ser humano que conseguiu fazer isso na NBA moderna. E o único da história a registrar estes números duas temporadas seguidas. Mas não é o suficiente.

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