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Raivoso, Kevin Durant tem que descontar a mágoa na bola e não nos outros

(Gerald Herbert/AP)

Eu não consigo imaginar como é conviver com a perseguição sistemática dos torcedores rivais que Kevin Durant vive. Desde que decidiu sair do Oklahoma City Thunder para se juntar ao Golden State Warriors, o ala é o principal alvo dos fãs de basquete nas redes sociais e nas arenas por onde passa. Eu entendo que diante de tudo isso Durant tenha se tornado um cara magoado, raivoso, com sede de vingança por onde passa. Mas, com a qualidade que tem, não é inteligente cair tão fácil na pilha dos outros. Este ano, mais até do que no passado, Durant está ‘pistolando’ direto.

Em mais de 800 jogos na carreira até o início desta temporada, KD só tinha sido expulso de partida duas vezes desde que entrou na NBA. Em 20 vezes que entrou em quadra neste ano, já foi expulso da partida em três oportunidades – uma marca comum para os jogadores mais indisciplinados da liga ao final de uma temporada inteira e não ao término do seu primeiro mês. Até o momento, só ele e Demarcus Cousins, com quem foi ejetado do jogo na noite de segunda-feira, têm mais de uma expulsão no campeonato. É também o terceiro que mais cometeu faltas técnicas no ano, atrás apenas dos imbatíveis Cousins e Draymond Green, que sempre lideram a liga nesta maravilhosa estatística.

Claramente há algo de diferente acontecendo com Durant. Ele não era assim. Sempre foi um cara tranquilo, na dele, às vezes até frio demais. Seu choro na cerimônia de entrega do prêmio de MVP, algumas temporadas atrás, foi surpreendente: daonde vinham aquelas lágrimas, se Durant era um cara tão sem emoções? Agora, ao invés de ficar mais relaxado conforme fosse acumulado rodagem e experiência na liga, ele resolveu vestir a capa de bad boy.

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Isso que não estão na lista de expulsões os tapas e beijos trocados com Russell Westbrook, um cara explicitamente passional no jogo, no confronto entre a atual e antiga equipe de Durant nesta temporada.

Ao meu ver, não há outra explicação que não seja uma reação raivosa a toda essa importunação por conta da mudança de time.

Foi isso pelo menos que causou uma das passagens mais patéticas do ano, quando Durant foi flagrado usando contas fakes para responder comentários de Twitter que o criticavam.

Sei que é difícil manter a cabeça no lugar quando a provocação é interminável, mas Durant, do tamanho que é – MVP da NBA, MVP das finais, quatro vezes cestinha da liga – não pode cair nessa.

Não que ele esteja tendo uma temporada ruim, longe disso. Durant é um craque, um dos melhores de todos os tempos, mas ser cabeça quente nunca ajudou ninguém. Draymond Green, por exemplo, sempre se prejudicou com isso. Há dois anos, por exemplo, extrapolou o número de faltas técnicas permitidas nas finais e ficou de fora de um dos jogos da decisão contra o Cleveland Cavaliers – para os torcedores do Warriors, foi isso que deu o título ao rival. Rasheed Wallace, Demarcus Cousins, Dennis Rodman, Charles Barkley e outros jogadores nunca se beneficiaram por isso. A indisciplina, no caso, sempre foi uma barreira a mais pra ser vencida.

Tem que superar isso e descontar a raiva na bola.

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