(Ken Blaze-USA TODAY Sports)
O Boston Celtics abriu 2 a 0 contra o Cleveland Cavaliers em um cenário que não era projetado por muitos. Imaginava-se que a partida de estreia tinha sido daquele jeito porque Lebron James tinha sido anestesiado pela defesa rival, mas que, assim que retomasse seu ritmo típico de playoffs, seu time se reergueria na série.
Até pareceu que seria assim quando Lebron fez 21 dos primeiros 27 pontos do Cavs na partida e fechou o primeiro quarto de partida na liderança do placar, mas no decorrer da partida o basquete coletivo do Celtics prevaleceu de tal modo que o jogo acabou com uma diferença confortável para o time verde e branco. Boston venceu bem mesmo com Lebron fazendo mais de 40 pontos e anotando um triple-double.
Essa narrativa de que é um homem contra um time faz algum sentido, mas tem seus limites. Pra mim, é uma meia-verdade – e a parte dela que é verdade, tem um culpado: o técnico do Cleveland Cavaliers, Tyronn Lue.
Não é mentira que o Boston Celtics tem um esquema mais envolvente e que criou alternativas diferentes para ter sucesso nos playoffs que fazem com que seu time pareça muito mais completo do que os rivais. Também é fato que Lebron concentra bastante as ações do Cavs. Mas há alguma coisa de errado em Cleveland que faz parecer com que James esteja cercado por um bando de inúteis.
O que me faz desconfiar que o elenco de apoio de Lebron não é tão ruim quanto parece e que o problema é gerencial é que estes caras todos parece que desaprenderam a jogar justamente com a camisa do Cavs. Kevin Love, que não está mal nestes playoffs – ontem fez uma partida muito boa, por sinal -, tem dias que não consegue colaborar. George Hill nem parece aquele armador que foi disputado por 9 entre 10 equipes nesta offseason. Jordan Clarkson, Larry Nance Jr e Rodney Hood vêm tendo atuações deploráveis que nada lembram seus tempos (não tão graciosos, mas pelo menos úteis) de Los Angeles Lakers e Utah Jazz. Não é estranho que todo mundo piore sob o comando de Lue?
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A tese aqui é que Tyronn Lue atrapalha seus jogadores de tal modo que eles parecem que são muito piores nas suas rotações do que de fato são. O confronto contra o Indiana Pacers é um bom exemplo. Antes da série começar, ninguém diria que os elencos eram comparáveis, mas colocados frente à frente, em uma série de playoffs (onde os ajustes dos treinadores fazem a diferença) as coisas ficaram parelhas. Contra um time que reconhecidamente tem um técnico de verdade, como o Boston, o negócio fica ainda mais desfavorável para Lue.
A comparação com Brad Stevens é perfeita para mostrar como um é capaz e o outro não: enquanto o técnico do Boston consegue elevar o patamar dos seus jogadores, o comandante do Cavs ‘enterra’ a reputação dos seus. Apesar do exemplo de Isaiah Thomas ter alguns fatores externos que atrapalham que seja traçada uma relação, me parece sintomático que o armador tenha disputado a corrida para MVP sob a tutela de um e virado um absoluto inútil nas mãos do outro.
Eu entendo que no jogo de ontem, Lue não poderia entrar na quadra e fazer JR Smith acertar algum dos arremessos que tentou – errou todos -, mas poderia testar mais consistentemente alguns dos reservas da posição – especialmente nos minutos finais de jogo. Korver, Clarkson, Hood, Osman, eu, voce… qualquer um faria mais do que Smith. A insistência em não usar Tristan Thompson, em não colocar Kevin Love mais perto da cesta e a falta de capacidade de fazer uma defesa minimamente eficiente são outros exemplos da incompetência de Lue.
É verdade que Lebron tem alguma responsabilidade nisso aí, já que foi ele quem forçou a barra para que o Cleveland demitisse David Blatt e colocasse Lue no seu lugar- para ‘piorar’ as coisas, Kyrie e Lebron conseguiram levar o time ao título no mesmo ano, estendendo a carreira do treinador.
Agora, quem paga é o próprio Lebron James, que vai precisar jogar muito mais para compensar tudo aquilo que Tyronn Lue deixa de fazer pelos seus colegas.