Só um sério concorrente ao título faz 50 pontos em um quarto de jogo de playoff
Pedro Brodbeck
Por tudo que fez com este mesmo elenco nos últimos anos, pela forma como jogou as primeiras partidas de playoffs e pela qualidade que tem, eu ainda acho que o Golden State Warriors é o time a ser batido. Já está mais do que provado que a equipe é excelente na defesa e imparável no ataque. Que mesmo quando um rival consegue conter Stephen Curry e Kevin Durant – tarefa quase impossível -, o time ainda tem Klay Thompson para pontuar e acabar com um jogo. Enfim, não dá para desconsiderar que o Golden State seja o favorito ao título.
Ao mesmo tempo, jogo após jogo, especialmente nestes playoffs, o Houston Rockets vem comprovando seu papel de principal concorrente nesta disputa. O leitor mais inflamado e apressado (são vários) pode pensar que isso é óbvio, afinal o time teve a melhor campanha na temporada regular, tem o favorito ao MVP no elenco, etc. Mas, olhando em retrospectiva, sabemos que não é isso que coloca o Houston em quase que pé de igualdade com o Golden State – da mesma forma que não foi suficiente para fazer do Atlanta Hawks um ‘contender’ três anos atrás, nem colocou o San Antonio na final de conferência há duas temporadas. O que coloca o Rockets neste patamar são alguns sinais que vão além disso.
Acho que os 50 pontos no terceiro quarto na partida de ontem contra o Minnesota Timberwolves é um deles. Fora de casa, atrás no placar, diante de um rival em recuperação na série, James Harden e companhia fizeram, por 12 minutos, absolutamente tudo certo. O time chutou 24 bolas, acertou 14, encestou 65% dos arremessos de três e não cometeu um mísero desperdício de bola. Para se ter uma ideia, a pontuação ficou a um ponto de igualar a maior marca de pontos em um único quarto em um jogo de playoff – o recorde é do Los Angeles Lakers de 1962, de uma época em que, acredite, o jogo era consideravelmente mais rápido e com mais posses de bola.
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Mais do que a marca de 50 pontos, o desempenho de ontem mostra uma qualidade que tem feito o Warriors ser um time tão difícil de se superar. Não importa que o rival consiga segurar, jogar pau a pau, defender por um jogo inteiro. Bastam alguns minutos de descuido que o time vai fazer um caminhão de pontos e acabar com a partida. Não há margem para desatenção contra times com tanto poder de fogo.
As outras partidas do Houston nesta série também mostram qualidades diferentes do time. O time se mostrou capaz de vencer quando praticamente só James Harden joga e mostrou que também pode derrotar o rival quando o próprio barba é completamente anulado – no jogo 2 da série, Harden teve o pior desempenho nos chutes de toda a sua passagem pelo Houston. Na defesa, conseguiu anular completamente as estrelas rivais, seja no perímetro ou no garrafão. Sinais emblemáticos que extrapolam a regularidade da temporada e que anunciam a capacidade do time em confrontos mais estudados, pegados, justamente no momento em que as coisas devem estar afinadas.
Há dois anos, o Cleveland Cavaliers tinha uma defesa questionável, tinha cambaleado durante a temporada regular, terminou praticamente empatado com o Toronto Raptors, mas na caminhada do mata-mata teve desempenhos marcantes, que comprovavam o poder de fogo do time – como a partida em que meteu 25 bolas de três contra o Atlanta Hawks. Mesmo que o time tivesse suas deficiências em alguns aspectos, dava para ver que, quando o esquema funcionasse, a equipe tinha recursos para bater quem quer que fosse. Até mesmo o Golden State Warriors.
Nesta temporada, eu só vejo, por enquanto, estes sinais no Houston Rockets.