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Westbrook e Lebron: essa é a diferença que faz ter um MVP no time

(AP Photo/Tony Dejak)

Primeiro aconteceu em Cleveland, no jogo entre o time da casa e o Indiana Pacers. A partida esteve equilibrada em boa parte do jogo. O visitante virou o intervalo na frente, o Cavaliers tomou a dianteira no terceiro quarto, abriu uma vantagem confortável que foi sendo corroída minuto a minuto, até que o jogo chegou aos seus segundos finais empatado com o Pacers com a posse de bola. Foi aí que Lebron James mostrou porque foi quatro vezes MVP e porque nunca é inteligente apostar contra um cara com este currículo.

Não que os 41 pontos, 10 rebotes e 8 assistências que tinha anotado até então já não fossem espetaculares, mas as duas jogadas que estavam por vir eram daquelas que definem a carreira de um jogador. O Indiana Pacers saiu com a bola com uma diferença de pouco mais de 2 segundo entre o tempo da posse de bola e o tempo para o final do jogo com o placar empatado em 95 a 95. Bastaria uma cesta qualquer bem executada, ao final dos seus 24 segundos, para devolver a bola ao rival com chances mínimas para empatar o jogo e sair com 3 a 2 na série em plena casa do Cavs.

A jogada traçada, apesar de óbvia, não foi ruim. O time inteiro se abriu nos quatro pontos extremos do campo de ataque e Victor Oladipo bateu bola no centro da quadra até que só faltassem 4 segundos para a buzina tocar. Ágil, trocou o drible de mão, deixou Lebron James, seu marcados, para trás e partiu para a bandeja. Ingênuo. Quem viu Lebron na final contra o Golden State Warriors pregar Andre Iguodala nos minutos finais do jogo 7 já imagina o resultado. Com 3 segundos no relógio, Lebron recuperou a distância aberta por Oladipo e fechou a porta do arremesso rival. Um toco espetacular que, naquele momento, pelo menos garantiria a ida para a prorrogação.

É verdade que no replay fica evidente o erro da arbitragem em não marcar ‘goaltending’. A bola de Oladipo toca na tabela antes de Lebron dar o tapa, o que configuraria em cesta para o Indiana. Por mais que eu tenha que ter assistido o replay para notar isso e que a regra não permita que os juízes revejam o lance quando não marcaram nada – só poderiam recorrer ao vídeo se tivessem apitado algo – foi um erro.

Erro que, para a sorte de Lebron, dos torcedores do Cavs, dos árbitros e de todo mundo que estava assistindo – menos torcedores do Pacers – ficou em segundo plano quando, na saída de bola, com a posse para o último arremesso, James fez o mais simples e genial que poderia ser feito: bateu até o topo da linha de três pontos e disparou um chute no estouro do cronômetro. Cesta de três e vitória do Cleveland.

Em pouco mais de 3 segundos Lebron James botou o jogo no bolso, comprovando pela enésima vez que é um jogador muito mais decisivo do que aquele cara que amarelou há quase uma década na final contra o Dallas Mavericks. Sem fazer qualquer comparação, mas somente como referência: foi sua quarta vez que acertou um arremesso no estouro do cronômetro para virar uma partida de playoffs. Michael Jordan, jogador mais decisivo de todos os tempos, fez isso três vezes.

Foi a primeira amostra da noite da importância de ter um MVP no time.

Antes mesmo de Lebron fazer toda sua mágica, a bola já tinha subido em Oklahoma para a partida entre o Thunder e o Utah Jazz. Perdendo por 3 a 1 na série, a equipe de Russell Westbrook precisava vencer se não quisesse que sua temporada acabasse naquela noite. Mais ou menos como aconteceu nas últimas três partidas, o Jazz conseguiu congelar o ataque rival por alguns minutos e disparar no placar. A vantagem saltou de 10 no início do segundo quarto para 25 pontos na metade do terceiro – uma diferença que só tinha que ser administrada para consolidar a classificação do Jazz.

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Foi a vez de Russell Westbrook nos lembrar que, até que um novo MVP seja coroado, ele ainda é o detentor do troféu de melhor jogador de basquete do mundo. Ele anotou 33 dos seus 45 pontos nos 20 minutos finais de partida para, não só dizimar a vantagem do Jazz, como ainda colocar o Thunder 8 pontos na frente. Dali em diante, o Thunder fez 68 pontos e o Jazz apenas 27. Neste período de tempo, agarrou 9 rebotes, deu 4 assistências e, principalmente, acertou 5 de 7 arremessos de três pontos – o aproveitamento baixo nos arremessos vem sendo a principal crítica ao seu jogo nesta série de playoffs.

No geral, anotou absurdos 45 pontos, 15 rebotes e 7 assistências, se juntando a Lebron James e Wilt Chamberlain como os únicos caras em toda a história a conseguirem fazer mais de 45 pontos, 15 rebotes e 5 assistências em uma partida de playoffs. Mais importante de tudo, deu sobrevida e recuperou a confiança do seu time para a série contra o Jazz.

Por mais que Indiana Pacers e Utah Jazz tenham times mais organizados e coletivamente venham jogando um basquete mais eficiente, ter um Lebron James ou um Russell Westbrook no elenco rende este tipo de coisa. Não é por acaso que são o que são.

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