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Corrida maluca: GP de Macau tem engavetamentos, morte e final inacreditável

O Grande Prêmio de Macau, que acontece na antiga colônia portuguesa localizada na China, é uma das mais loucas corridas do ano no automobilismo. Sempre realizada em novembro, o chamado Circuito da Guia, um traçado apertado e extremamente veloz de 6.200 metros de extensão, sedia as copas do mundo de Fórmula 3, GTs, etapa do WTCC, o campeonato local de turismo e também uma prova de motos.

O traçado mescla retas longas e largas com curvas extremamente apertadas e onde só cabe um carro. É a insana receita para grandes pegas. Os brasileiros têm boa história lá: Ayrton Senna venceu, na Fórmula 3, em 1983 e foi seguido por Maurício Gugelmin dois anos depois. Em 2005, foi a vez de Lucas di Grassi escrever seu nome na história da prova após grande disputa com Robert Kubica e Sebastian Vettel, que terminaram em segundo e terceiro.

Mas vamos deixar a Fórmula 3 para o final. No FIA GT Cup, 19 carros no grid. Entre eles, Augusto Farfus Junior, de BMW, e Lucas di Grassi, correndo de Audi R8 V10. O campeão da Fórmula E, sempre que possível, deixa claro que adora correr no Circuito da Guia. Pois no sábado, na prova de classificação, aconteceu isso:

A reação do narrador diz tudo. Caos, e milhões e milhões de dólares em prejuízo. A onboard do vídeo, bem como o carro número 11 que fica levantado em meio a pilha, é o R8 de Lucas di Grassi. Ninguém se feriu, mas somente quatro pilotos passaram.

Deste ângulo, dá para ver como tudo começou:

 

O brasileiro Augusto Farfus não se envolveu e terminou a prova classificatória em segundo, vencida por Edoardo Mortara de Mercedes. O italiano, inclusive, venceu a disputa principal do dia seguinte. Farfus foi quarto e Lucas não terminou a prova.

Agora, o prato principal.


Os Fórmula 3 são os carros mais rápidos do circuito. A média de uma volta na pista supera os 185 km/h, e a curva final antes da reta principal é contornada a mais de 200 km/h. Em vídeo, isso é claramente visível, especialmente nos trechos mais apertados do traçado.

A corrida principal tinha o brasileiro Sérgio Sette Câmara na liderança com o carro da Motopartk Academy, assediado pelo austríaco Ferdinand Habsburg, da Carlin. Câmara, com pneus mais gastos, sofria para segurar o concorrente. Até que, na volta final, aconteceu isso:

Habsburg, na última curva, executa uma linda ultrapassagem por fora sobre o brasileiro. Entretanto, os dois perdem a aderência: Sette Câmara bate primeiro, com o austríaco acertando o guard-rail na sequência. O piloto da Carlin ainda conseguiu cruzar a linha de chegada em quinto. A vitória caiu no colo do britânico Daniel Ticktum, neste que já é considerado um dos finais de corrida mais insanos da história. Pedro Piquet, outro brasileiro na disputa, terminou em sexto.

Em 2004, situação parecida ocorreu. Nico Rosberg liderava a corrida seguido por Lewis Hamilton. Sim, isto é Fórmula 3, não F1. O fato é que o alemão liderava e também bateu em outra curva do traçado. O britânico não conseguiu desviar e bateu no carro de Nico. Não era a última volta, mas a vitória ficou com o francês Alexandre Prémat.

Morte na pista.

A nota triste do final de semana em Macau foi a morte do piloto Daniel Hegarty, de 31 anos, na sétima volta da corrida da Motorcycle Grand Prix. O britânico perdeu o controle de sua Honda CBR1000RR e se chocou violentamente contra a barreira de proteção na curva dos pescadores, que antecede a parte mais rápida do traçado.

As imagens são fortes:

Era a sétima volta da prova, que foi imediatamente interrompida com bandeira vermelha e a disputa não retornou. Para se ter uma ideia da violência da batida, o capacete e as botas de Daniel saíram de seu corpo. Daniel foi retirado com vida da pista, mas morreu a caminho do hospital local. É a primeira morte em Macau desde 2012, quando o português Luis Carreira se acidentou durante os treinos, na mesma curva e da mesma maneira que Hegarty, e também sucumbiu aos ferimentos.

Macau, infelizmente, é assim. Enquanto traz o melhor do automobilismo, com grandes disputas, muita velocidade e alguns lances inacreditáveis, nos mostra também que o esporte a motor ainda é perigosíssimo.

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