FERA DO PASSADO: Romário, maestro do tetra, encantou com seus gols

Não dá para negar que o 'baixinho' foi um dos melhores centroavantes da história; relembre sua carreira

Sem entrar no mérito se ele foi melhor do que dois grandes craques da atualidade - Cristiano Ronaldo e Lionel Messi - é indiscutível que o "baixinho" foi um dos maiores jogadores de todos os tempos.  Só para se ter uma ideia da grandeza de Romário de Souza Faria, ele é o primeiro, até hoje, em média de gols pela seleção brasileira.

Isso mesmo: terceiro artilheiro de todos os tempos com a camisa canarinho, com a qual anotou 71 gols em 85 jogos, marcou mais por jogo, comparativamente, do que o primeiro colocado em números absolutos (Pelé) e do que o jogador que ocupa a segunda posição (Ronaldo).

Outro dado impressionante: de 83 competições oficiais que disputou ao longo de sua carreira, iniciada em 1979 no Olaria, do Rio, aos 13 anos, o "baixinho" foi artilheiro em 27 delas.

Conhecido pelos gols incríveis, Romário tinha como característica em campo ser um jogador de área, com um grande índice de finalizações. Ganhou o apelido de "o gênio da grande área". Em 2015, à revista Placar, ele declarou sem modéstias: "Quem tem que fazer gol sou eu. Se eu tivesse 1% de chance e o fulano tivesse 99%, eu tentava sozinho, porque sabia que tinha mais condição do que ele".

CARREIRA

Com apenas 19 anos, Romário fez sua estreia pelo time principal do Vasco da Gama. O jogador chamou a atenção da imprensa logo em seu primeiro ano de profissional e terminou o Campeonato Carioca de 1985, ano em que foi vice-artilheiro da competição.

Foi o início de uma era, com os títulos estaduais de 1987 e 1988 pelo Vasco, em ambas as ocasões contra o Flamengo. Em 1988, na final, profetizou: "Tenho 22 anos e garanto que ainda vou impressionar muita gente. Podem me cobrar. Vou chegar ao milésimo gol".

 

 

As portas se abriram naquele mesmo ano para a seleção brasileira: fez parte da equipe que defendeu o país na Olimpíada de Seul, na Coreia do Sul. Foi o artilheiro dos Jogos com seis gols, um deles na final, na conquista da medalha de prata contra a União Soviética.

Chamou a atenção, no entanto, o que lhe rendeu a contratação pelo PSV Eindhoven, da Holanda - na época, a mais cara contratação de um brasileiro por um clube estrangeiro. Marcaria ali 174 gols em 165 jogos, em cinco temporadas, três delas como artilheiro do Campeonato Holandês - uma média impressionante.

Em 1993, chega ao Barcelona, onde caiu nas graças de outra lenda - Johan Cruyff, craque holandês que marcou época na Copa do Mundo em 1974 e era treinador da equipe. "O melhor jogador que já treinei? Foi Romário. Você podia esperar qualquer coia dele. Era um jogador extraordinário, de técnica extraordinária", afirmou Cruyff, encantando com os gols. Jogou ali 82 partidas e marcou 53 gols, pondo no currículo os títulos da La Liga, da Supercopa da Espanha e do Troféu Teresa Herrera. 

 

 

SELEÇÃO

Ficou impossível para o técnico Carlos Alberto Parreira, então treinador da seleção, não convocar o jogador para a Copa do Mundo de 1994, apesar de ter estado fora do time em boa parte das eliminatória, depois de uma crítica pública de Parreira.

Com o time em apuros, não só garantiu a classificação após um memorável 2 a 0 no Maracanã, em cima do Uruguai - com os dois gols marcados - como se transformou no grande maestro do tetracampeonato, nos Estados Unidos. Junto com Dunga, foi a alma do time.

Naquela Copa, marcaria o gol da classificação para a final, de cabeça, contra a Suécia. Deu o passe para Bebeto marcar o sofrido gol contra os Estados Unidos e, na final, bateu um dos pênaltis da decisão.

 

 

Lesionado, Romário não atuaria na Copa de 1998 e ficaria de fora da Copa de 2002, após ter até mesmo chorado publicamente pedindo sua convocação. Desavenças com o então treinador, Felipão, fizeram com que ele não fosse levado ao Mundial, onde o Brasil conquistou o sonhado pentacampeonato.

Romário passaria por muitos outros clubes e retornaria ao Vasco por quatro vezes - e seu gol 1000, profetizado no início da carreira, saiu no dia 20 de maio de 2007, em São Januário, onde o Vasco venceu o Sport em jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. O goleiro Magrão ficou marcado por levar o tento histórico do camisa 11.

 

TREINOS PRA QUÊ?

Injustiça ou não, o hoje senador pelo Podemos-RJ ficou conhecido ao longo de sua carreira por torcedores e por causa das observações da imprensa especialzada pela sua displicência nos treinos. Uma certa imagem de "folgado", aliada ao amor pelas noitadas e festas.

Romário nunca escondeu que não gostava de treinar, e também tinha dificuldades em concentrações.  Em 2001, ficou famoso por uma frase que soltou numa entrevista coletiva ao ter que acordar cedo, para seus padrões, às 8h30, para treinar pela seleção: "esse é o horário que eu costumo chegar em casa para dormir".

Outra das pérolas: "Se você me perguntar por que eu gosto da noite, é simples: é que à noite você vê só o que quer. De dia, é obrigado a ver tudo". E se sobrasse um puxão de orelha do treinador? "Técnico bom é o que não atrapalha", costumava dizer.

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