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Sobre NBA e afins

5 vezes em que o All-Star Game foi, na verdade, um show de horrores

(AP)

Reunir os melhores jogadores da temporada para uma pelada descontraída parece uma boa ideia mesmo. Especialmente se o objetivo é ter um jogo cheio de jogadas espetaculares, malabarismos e tudo mais. O mesmo quando você reúne caras atléticos e criativos para fazer um campeonato de enterradas ou os melhores arremessadores para um torneio de chutes de três pontos. Por mais que na teoria pareça que o All-Star Weekend e seus eventos sejam o que tem de melhor no basquete, boa parte das vezes o final de semana estrelado é um show de horrores, cheio de gafes e jogadas bizarras.

Vamos aos exemplos mais emblemáticos:

Campeonato sem enterrada

O campeonato de enterradas é uma das principais atrações do final de semana, mas, vamos ser sinceros: em 90% dos casos é um saco assistir o evento. Principalmente porque os jogadores já não sabem mais o que inventar, pensam em algo mirabolante e ficam lá tentando mil vezes até acertar uma delas. Ver o compacto depois pode até ser legal, mas ao vivo o campeonato tem sempre boas chances de ser entediante, salvo algumas exceções.

Lembro dessa tentativa frustrada de Larry Hughes. A ideia era boa, mas a execução foi medonha. Ele tentou várias vezes, não conseguiu nada, teve que ir pra uma última tentativa desesperada e, possivelmente nervoso com tantos erros, ainda fez besteira na sua chance final. Se alguém foi lá ver enterradas, saiu frustrado.

Bandeja de Derrell Armstrong

Uma das performances mais horrorosas, também no campeonato de enterradas, foi a de Derrell Armstrong em 1996. Ele era um jogador reconhecido pela sua capacidade atlética e um ‘dunker’ de qualidade comprovada. Mas parece que teve um lapso mental na hora de competir.

Em uma das suas tentativas, Derrell correu a quadra inteira, de um canto ao outro, como quem ia pegar impulso para pular POR CIMA da tabela, mas na hora da execução da cravada, não sei o que aconteceu, ele refugou no melhor estilo Baloubet du Rouet nas olimpíadas de 2000 (pior referência). O mais estranho, pra mim, é que ele não saiu rindo constrangido e nem nada. Simplesmente emendou uma cesta e saiu para esperar sua nota. Sinal claro de confusão mental.

Competidor que nunca enterrou

Peguei mais um exemplo horrível dos anos 90. Aqui nem tanto pela execução, mas para mostrar que nem sempre os selecionados são tão “all-stars” como o nome do final de semana sugere. Na verdade, os jogadores que vão para o torneio de enterradas, via de regra, são calouros, jogadores jovens ou atletas que ainda querem se afirmar na liga de alguma forma. Nem sempre foi assim (vide Michael Jordan, Dominique Wilkins e companhia), mas com o passar do tempo essa que se tornou a dinâmica dominante do evento. O quórum é fraco a ponto de, em 1993, a NBA convidar para o torneio Chris Jackson (que depois mudou de nome para Mahmoud Abdul-Rauf), um jogador que NUNCA TINHA ENTERRADO em um jogo da NBA. O seu vídeo de apresentação até mostra algumas cravadas na época da universidade e não deixa de ser impressionante que um cara de 1,85 m conseguisse fazer aquilo, mas com certeza teriam dúzias de jogadores mais qualificados do que ele para competir.

Óbvio que sua atuação acabou sendo fraquíssima.

Melhor de todos os tempos?

Michael Jordan é uma unanimidade. Ninguém discute sua qualidade. Mas na única vez que participou do campeonato de arremessos de três pontos, o G.O.A.T. conseguiu fazer a pior pontuação da história da brincadeira. Foram apenas 5 pontos de 30 possíveis. Por mais que Jordan não fosse um super especialista nos chutes de fora – em boa medida porque na época não se arremessava tanto de três como hoje -, é lógico que ele tinha capacidade para ir bem melhor. O que se discute aqui, então, é o quanto esses caras que são verdadeiras estrelas chegam motivados para o evento, né?

Sub-celebridades do jogo

Eu vejo o All-Star Weekend como uma forma de mostrar a NBA para o mundo. É um final de semana em que a liga faz um teatro e tenta convencer os fãs menos convictos ou interessados ainda não iniciados que vale a pena acompanhar o esporte. Mas não é a melhor propaganda do mundo que o campeão do torneio de três pontos seja um cara tipo Jason Kapono (vencedor em 2007 e 2008) ou Craig Hodges (1990, 1991 e 1992), que o torneio de enterradas seja vencido por Fred Jones (2004) ou Jeremy Evans (2012). Todos especialistas no que fazem, mas que jamais foram estrelas do basquete.

A final das enterradas do ano passado foi o cúmulo: Glenn Robinson III, que neste ano não pisou em quadra ainda, venceu Derrick Jones Jr, que naquele momento tinha um total de 21 minutos jogados na NBA.

Oeste 192 x 182 Leste

Não sou do tipo do cara que acha que tem que ter defesa no All-Star Game, que os caras têm que se matar em quadra, etc, mas se você coloca aqueles que são, em tese, os melhores jogadores da atualidade para se enfrentar, espera-se uma competição minimamente legal, disputada, com basquete bonito, ao menos. Mas o negócio é uma zona. O jogo beneficente de final do ano “Amigos do Bruno x Amigos do Marrone” é mil vezes mais competitivo do que tem sido os últimos jogos das estrelas. A partida do ano passado registrou o recorde de pontos para um All-Star Game: 192 a 182 – eu confesso que desisti do jogo logo nos primeiros pontos. Mas o meu desinteresse foi proporcional ao dos jogadores, que pareciam não fazer a menor questão de estarem em quadra.

Em todo caso, a partida tem sido tão desinteressante que a NBA mudou a dinâmica da formação dos times para este ano. Ao invés do simples Oeste contra Leste, os elencos se dividiram em Time do Lebron James e Time do Stephen Curry. A ideia é que, com isso, os caras entrem com alguma vontade de ganhar o jogo do outro. Eu tenho minhas dúvidas do quanto isso vai funcionar, mas acho que vale o teste.

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