Dois Dribles

Blog

Dois Dribles

Sobre NBA e afins

A esperança do Utah Jazz se classificar é a desgraça dos outros times

(Jeff Swinger-USA TODAY Sports)

Se me perguntassem há umas duas semanas, eu diria que o Utah Jazz era carta fora do baralho para esta temporada. Achava até que o mais sensato seria tirar o pé, tentar trocar um ou outro jogador mais experiência e que não fosse mais tão útil e, quem sabe, na cara de pau, buscar uma escolha mais alta no próximo draft para, no ano que vem, começar o ano forte. Mas a desgraça alheia – a mesma que já acometeu o Jazz no começo da temporada – se tornou a esperança do time para salvar um ano que parecia perdido.

Nos últimos dez dias, Demarcus Cousins rompeu o tendão de Aquiles e deixou o New Orleans bem desfalcado, Andre Roberson também se lesionou para o restante da temporada deixando a defesa do Oklahoma City Thunder na mão, o Los Angeles Clippers se desfez de Blake Griffin e parece estar interessado em despachar outros jogadores importantes e, por fim, a dislexia do Portland Trail Blazers, com um elenco cheio de buracos, se agravou.

No mesmo período, o Utah se viu novamente com seu time quase completo e emplacou uma sequência de seis vitórias. Entrou no seu melhor momento da temporada justamente quando seus rivais diretos passam por algum time de crise, de menor ou maior grau.

Antes de engatar a série vencedora, o Jazz estava a cinco jogos da oitava colocação – uma diferença brutal, já que precisa vencer cinco jogos e o rival precisa perder. Agora, está a três. Não só tirou a diferença, como superou adversários fortes (Golden State Warriors, San Antonio Spurs e Toronto Raptors) ou concorrentes diretos (New Orleans Pelicans). Neste período, registrou o melhor ataque da liga, com 115,7 pontos a cada 100 posses de bola, e a melhor defesa, com 97,1 pontos sofridos a cada 100 posses de bola. A margem de pontos nesta métrica, de 18 positivos nas últimas seis partidas, é quase o dobro do segundo colocado (Milwaukee Bucks, com 11). Definitivamente, por mais que a diferença ainda não seja pequena, o Jazz está de volta à disputa.

+ A temporada de rumores de troca está aberta. O que deve acontecer?

+ Troca de Griffin redefine os papéis de Pistons e Clippers na liga

A verdade, é que a franquia só se descolou dos rivais na classificação porque sofreu muito com lesões em outro momento da temporada. Rudy Gobert não jogou metade das partidas da equipe no ano. Rodney Hood ficou de fora em um terço delas também. O pivô, além de âncora defensiva (que no ano passado teve um desempenho digno de Melhor Jogador de Defesa do Ano), era a aposta de formar uma dobradinha imparável no pick and roll com Ricky Rubio. Hood, por sua vez, era a aposta do time para gatilho apurado de fora. Sem os dois, o esquema de jogo do time ficou bem limitado.

E em um Oeste super reforçado, isso é condenatório. Foi.

Por mais que tenha colaborado para mostrar o quanto Donovan Mitchell é bom e quão pronto está para ajudar o time, o Jazz foi atropelado pelos rivais sem suas principais armas.

Mas agora, completo, acertado e bem treinado, voltou a ser um concorrente sério aos playoffs – o que seria natural, vide a temporada passada, caso não tivesse sofrido tanto com lesões.

Para o restante do ano, o Jazz ainda enfrenta o Portland três vezes, o New Orleans e o Clippers uma vez cada, garantindo que a classificação para os playoffs vá depender do seu desempenho nos confrontos diretos. Por mais que estejam na frente e tenham mostrado ao longo do ano até aqui que eram times melhores, hoje eu acredito mais no Jazz. O Blazers depende muito da sua dupla de armadores, que nem sempre consegue entregar sozinha tudo que a franquia precisa, o Clippers ainda tem muito a se acertar e o Pelicans perdeu metade da sua capacidade de intimidação com a saída de Cousins.

O Utah, por outro lado, retomou a sua característica de basquete coletivo, de defesa forte e ataque persistente. Mesmo sem Gordon Hayward.

O Jazz voltou de vez. Graças às suas capacidades e à desgraça alheia.

 

Comentários