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Sobre NBA e afins

Eliminatórias para Mundial e Olimpíadas começam hoje desprestigiadas

(Jorge Guerrero/AFP)

O caminho do Brasil – e dos demais países – para a Copa do Mundo de Basquete da China em 2019 e para as Olimpíadas de Tóquio em 2020 começa agora. Hoje acontecem os primeiros jogos do novo formato de eliminatórias para os dois torneios. Formulado pela Fiba nos moldes parecidos com o que já acontece no futebol há alguns anos, o modelo não agradou os principais clubes do mundo e as seleções devem jogar sem seus principais atletas.

Agora os jogos classificatórios acontecerão em “datas Fiba” – a primeira delas começa hoje e vai até metade da semana que vem -, eliminando aqueles torneios de tiro curto que antes eram usados para credenciar os times aos campeonatos mais importantes. A intenção da federação foi aproximar as seleções dos seus países. Ao invés de obrigar os torcedores a viajar para um país-sede para assistir aos jogos durante um mês, agora as seleções jogam uma partida fora e outra em casa ao longo de seis datas espalhadas por dois anos e meio.

Na teoria é até interessante, mas na prática a ideia se mostrou ingênua. Sem abrir uma brecha no calendário para isso, times da NBA e Euroliga não toparam liberar seus atletas para as seleções nestas datas. Logo, a nata do basquete mundial não vai jogar as eliminatórias e praticamente todas as seleções vão com seus times B. Será que as equipes, completamente esvaziadas dos seus melhores jogadores, vão chamar tanta atenção do público mesmo assim? Eu tenho minhas dúvidas.

Na melhor das hipóteses, os atletas da NBA e Euroliga vão poder jogar nas suas férias, nas datas de junho e setembro do ano que vem. Mesmo assim, é provável que nem isso aconteça, já os clubes torcem o nariz para qualquer convocação, as seleções já estarão jogando com outros jogadores há um bom tempo e final de temporada é sempre complicado, já que os jogadores chegam naqueles meses arregaçados.

A seleção brasileira, por exemplo, já não tinha convocado os jogadores da NBA e ainda teve que dispensar Marcelinho Huertas e Augusto Lima, que jogam na Europa. O nome mais badalado internacionalmente é Anderson Varejão, sem clube. O time americano está longe de ser um Dream Team. Para se ter ideia, o mais famoso é Donald Sloan, armador que já passou por cinco times da NBA, mas atualmente defende Texas Legends, da G-League. O Canadá, apesar de ter a melhor geração da sua história com Andrew Wiggins, Tristan Thompson, Kelly Olynyk e Jamal Murray, vai para quadra com Anthony Bennett e Joel Anthony (sem time e aos 35 anos).

O maior problema das seleções jogarem assim é que estes jogos são classificatórios para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas. Os sete melhores das eliminatórias das Américas vão para a Copa de 2019 e, daí, os dois melhores do continente no mundial se classificam para os jogos de Tóquio. Uma peneira cruel e difícil. Caso não consiga se classificar assim, outras quatro vagas olímpicas ainda saem de uma peneira mundial entre os 16 melhores da Copa e outras seleções melhores classificadas nas eliminatórias.

Como é a primeira vez que a Fiba adota o modelo, é provável que ele seja reavaliado ao final deste ciclo. Mas é muito difícil que ele sobreviva sem a adesão das principais confederações de basquete pelo mundo e, principalmente, sem seus melhores jogadores. Até lá, vamos com o que temos.

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