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Em 15 segundos, Bucks e Celtics mostraram o que é um jogo de playoffs

(Paul Rutherford-USA TODAY Sports)

Dos oito confrontos desta primeira rodada de playoffs, Boston Celtics e Milwaukee Bucks é um dos que poderia ser mais decepcionante. O multicampeão chegou aos playoffs escaldado pelas lesões dos seus principais jogadores e a equipe de Giannis Antetokounmpo é certamente a mais mal treinada entre as 16 que se classificaram para o mata-mata. Mas os 15 segundos finais de partida serviram para nos lembrar porque não dá para menosprezar um confronto de playoff e porque esse é o melhor esporte do mundo.

Mesmo com a inexperiência e a limitação de talento de um lado e a desorganização pura do outro, o jogo foi disputado – talvez até por isso, uma coisa compensando a outra – até o final. A 15 segundos do final da partida, o Boston Celtics tinha uma liderança de três pontos no placar e a bola estava com o Milwaukee Bucks. Em uma rara jogada bem desenhada pelo técnico do Bucks, que fez com que a defesa celta concentrasse esforços defensivos em Jason Terry e Khris Middleton, duas principais ameaças para o chute de fora da equipe de Milwaukee, Malcom Brodgon chutou praticamente livre para empatar o jogo com 11 segundos restantes no cronômetro.

Jogo empatado, tempo técnico pedido pelo Boston. O comandante do time, Brad Steven, é conhecido por ser muito bom com a prancheta. O Celtics é a equipe que geralmente tem as melhores jogadas voltando dos ‘timeouts’, mesmo quando não é em situações como esta, de final de partida com o jogo empatado.

Esperava-se, então, alguma movimentação bem elaborada que colocasse algum chutador do Celtics livre para a execução da jogada, né? Errado. Não sei se o desenho de Stevens foi muito ingênuo (aparentemente era para Terry Rozier esperar o bloqueio de Marcus Morris em Brodgon para Jaylen Brown aparecer livre do outro lado da quadra, o que foi facilmente neutralizado pela troca de marcação do Bucks) ou se Rozier que resolveu incorporar Kyrie Irving e meter o louco (isso é comum, aliás), mas basicamente o jogador fez a jogada mais desaconselhada possível da melhor maneira possível: bateu bola, deixou o rival no chão e chutou de três (quando só precisava de um arremesso simples) dando desrespeitoso um passo para trás. E acertou!

A bola entrou faltando meio segundo para o final do jogo. Surreal! Historicamente, considera-se que um jogador só tem tempo de agarrar uma bola e fazer um arremesso quando o relógio ainda tem mais do que 0,3 segundo restante. Menos do que isso, só dá pra pontuar dando um tapinha na bola – e não rola fazer cestas de três com tapinhas. Então, por mais improvável que fosse, tecnicamente ainda era possível fazer um arremesso de três pontos que empatasse o jogo.

Nova bola na lateral e nova tentativa do Bucks. Desta vez, o técnico interino do Milwaukee correspondeu às expectativas e não bolar qualquer movimentação para seus jogadores. A defesa do Boston, mesmo que quase sem mexer, conseguiu anular qualquer troca feita pelo Bucks. Giannis se livrou da bola nas mão de Middleton que, no susto, se livrou novamente em um arremesso completamente impensado. QUE CAIU e levou o jogo para prorrogação!

O chute foi o quarto mais longo dos últimos 20 anos que entrou na cesta e empatou ou virou um jogo no estouro do cronômetro. Também foi suficiente para transformar um jogo que estava no máximo ok em uma partida épica – mesmo que a prorrogação tenha sido dominada pelo time da casa e o jogo tenha perdido um pouco da emoção.  Playoffs é isso aí. São esses 15 segundos. Que bom que está apenas começando.

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