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Eric Bledsoe conseguiu o que queria: saiu de Phoenix e foi para Milwaukee

(Mark J. Rebilas-USA TODAY Sports)

“Eu não quero estar aqui”. Com um tuíte assim, Eric Bledsoe informalmente pediu para ser trocado do Phoenix Suns na mesma noite em que o time demitiu o então técnico Earl Watson. Duas semanas depois, o armador conseguiu o que queria e foi envolvido em uma troca com o Milwaukee Bucks. Bledsoe passa a ser o armador do time de Giannis Antetokounmpo enquanto a equipe do Arizona recebeu o pivô Greg Monroe e uma escolha de primeiro round do draft do ano que vem.

A troca coloca um ponto final no constrangimento que era a presença de Eric Bledsoe no Suns. O time não queria mais contar com ele, mas ao mesmo tempo não tinha conseguido despachá-lo para nenhuma outra equipe por algum troco de qualidade semelhante mas que fosse alguns anos mais novo, para se encaixar no plano de futuro da franquia.

O Phoenix até sondou o Cleveland Cavaliers quando Kyrie Irving pediu para sair, mas teve seus sonhos frustrados por uma proposta mais atraente do Boston Celtics. O plano do time não era admitir publicamente que queria se livrar de Bledsoe para não fazer seu valor de mercado evaporar. Queria, discretamente, achar uma troca salvadora que fosse ao encontro do planejamento de reconstrução da franquia. Na pior das hipóteses, caso não achasse o negócio ideal, deixaria o jogador de 27 anos marinando no elenco até que seu contrato expirasse, ao final da próxima temporada.

O que a direção do Suns não contava era que Bledsoe reclamaria publicamente pelo twitter – e no mercado da NBA, um pedido como este é o gatilho para a desvalorização imediata do valor de troca de um atleta. Sonhou em transformar o jogador em um Kyrie, que vem tendo uma temporada espetacular, e acordou com Monroe, um pivô tecnicamente ok, mas que não defende bem o suficiente para se garantir como titular na liga atualmente. Definitivamente, não era o que o Phoenix queria, mas é o que acontece quando todos sabem que um jogador quer sair do time.

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O desfecho do negócio para o Suns foi tão fracassado quanto previsível. Bledsoe vinha sendo maltratado pela franquia há algum tempo. Além de sempre ter que dividir a rotação com outros armadores carregadores de bola (Goran Dragic, Isaiah Thomas, Brandon Knight) em um evidente sinal de falta de confiança no seu jogo, ao final da temporada passada teve suas férias antecipadas, quando a comissão técnica decidiu que parte do elenco não jogaria mais para que o time tivesse o pior desempenho possível, aumentando as chances do time conseguir uma melhor posição no draft. Eu, particularmente, adoraria que meu chefe me pedisse para ficar em casa com salário garantido, mas não é o tipo de pedido que jogadores de basquete levam numa boa. Bledsoe, naturalmente, não gostou. Já tinha ficado claro para o jogador que, se em algum momento o Suns ia se tornar um time bom em um futuro distante, isso só aconteceria depois que Bledsoe saísse.

Aí entra a falta de noção completa da turma do Suns, né? Era óbvio que, nestas condições, uma hora o jogador ia surtar. Foi o que aconteceu.

Como resultado dessa bagunça toda, o Suns conseguiu, além de Monroe, uma escolha de draft que não deve ser das melhores, já que o Bucks tem boas chances de terminar entre os primeiros do Leste. No entanto, de qualquer forma, pelo menos se livra de um jogador insatisfeito que não era bem-quisto mais por lá.

Já o Bucks se aproveitou da situação.  A peça central de toda a negociação, Bledsoe, chega para dividir um pouco a carga de trabalho de Giannis. Excelente nos contra-ataques como é o grego, deve ajudar na correria organizada do time. Reforça o perfil de uma formação absurdamente atlética – lembrando que Eric tem o pretensioso apelido de ‘Mini Lebron’.

Malcom Brogdon, armador do time até então, é um jogador decente, mas nada além disso. Faz o básico, não compromete. Se torna, agora, um excelente reserva.

O único porém da troca para o Milwaukee é que a saúde de Bledsoe sempre foi um problema. Em apenas dois anos da sua carreira conseguiu jogar mais de 76 jogos na mesma temporada. Levando em conta que a franquia já tem Jabari Parker, outro jogador que pena para driblar as lesões, a superlotação do Departamento Médico será uma risco permanente na franquia.

De todo modo, o desejo de Bledsoe se realizou e hoje ele está em um lugar muito melhor para ele jogar basquete do que era Phoenix.

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