(Steve Dykes-USA TODAY Sports)

É estranho pensar que alguém seja mais valioso para o elenco do New Orleans Pelicans do que Anthony Davis e Demarcus Cousins. Ambos já foram escolhidos duas vezes para a seleção de melhores da temporada, já foram várias vezes para o All-Star Game e são atletas que carregam equipes inteiras nas costas. Mas, quando o assunto é grana, o mais bem pago do time não é nem um, nem outro. É Jrue Holiday. Por mais que em qualquer circunstância isso seja desproporcional, o final de temporada regular e, agora, os primeiros jogos de playoffs do armador justificam porque, em algum momento, algum time resolveu apostar tão alto nele: Holiday foi o fiel da balança para que o Pelicans se classificasse mesmo sem Cousins e para que abrisse 2 a 0 contra o Portland Trail Blazers fora de casa.

A grande estrela ainda é Anthony Davis. É nele que as bolas vão, é ele quem carrega a maior carga de trabalho no ataque. Mas Jrue Holiday, além de ter a missão de tentar parar uma das duplas de armadores mais letais da liga, tem o papel de válvula de escape das ações ofensivas do New Orleans. E tem desempenhado os dois papéis muito bem.

Nos jogos de playoff que rolaram até agora, Jrue é o segundo armador que mais tem conseguido atrapalhar os chutes rivais, atrás apenas de Jimmy Butler. Só 34% dos arremessos feitos sob a marcação dele viraram cesta – um feito e tanto quando do outro lado estão Damian Lillard e CJ McCollum, que via de regra ostentam um aproveitamento bem superior a isso.

E no ataque, Holiday vem tendo excelentes performances. Fez 21 pontos na estreia e ontem explodiu para anotar 33, uma das melhores marcas dos playoffs até aqui.

O confronto entre os dois times está longe de ser decidido, mas agora o Pelicans tem duas partidas em seus domínios, o que significa uma vantagem considerável para a equipe. Se Holiday continuar jogando perto disso, as coisas ficam bem difíceis para o Blazers.

Era este jogador que o New Orleans estava procurando quando assinou por cinco anos com Holiday um contrato que pode chegar a custar 150 milhões de dólares. Quando uma equipe assina uma bolada dessas, comprometendo quase 1/4 da sua folha salarial por várias temporadas, não se espera menos do que alguém que decida jogos, que carregue o time e que faça a diferença. Em cinco anos de Pelicans, Holiday só está dando estes sinais agora.

Holiday não vai roubar o posto de Davis como dono do time. Mas tão somente virar um companheiro à altura do talento do colega já é uma evolução brutal.

A amostra pode ser pequena e os problemas de lesão ainda são muito marcantes para que seja possível afirmar que o investimento feito nele tem dado um retorno proporcional, mas os sinais mais recentes são animadores. Levar o time às semifinais de conferência sem Cousins seria um baita feito. E um grande começo para um franquia que, até pouco tempo, parecia condenada ao fracasso pelo péssimo planejamento financeiro dos contratos dos seus jogadores. A melhora de Holiday é um bom sinal de que as coisas podem estar mudando.