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O primeiro ano de Lebron no Lakers será tão estranho quanto interessante

Assim que Lebron James anunciou que se juntaria ao Los Angeles Lakers as expectativas de um supertime vestindo amarelo e roxo para a próxima temporada cresceram. Por mais que Paul George tivesse anunciado dois dias antes que não iria assinar com a equipe da sua infância e que continuaria no Oklahoma City Thunder, a esperança era de que Kawhi Leonard fosse desembarcar em L.A. ou que pelo menos Demarcus Cousins se recuperaria com um agasalho do Lakers, afinal, é preciso acompanhar NBA há mais de uma década para lembrar de algum time que contasse com Lebron James que não tivesse ao seu redor uma porrada de estrelas atraídas por ele.

Os dias foram passando, Demarcus Cousins assinou por um ano com o Golden State Warriors e as informações de bastidores deram conta que o interesse de Kawhi em ir para o Lakers diminuiu depois que Lebron assinou com o time. Ao passo que a franquia gastou seus dólares restantes para a temporada com os contratos de Kentavious Caldwell-Pope, Javale McGee, Rajon Rondo e Lance Stephenson, e as estrelas disponíveis foram encaminhando seus destinos em outros lugares, a possibilidade de se formar aquela tradicional panela com Lebron foi se esvaindo.

Hoje, dadas as condições da folha salarial do time e os nomes à disposição no mercado, é muito improvável que o Los Angeles Lakers comece a temporada com uma formação muito diferente da que tinha no ano passado com a adição de James e mais um punhado de veteranos de reputação questionável.

Será estranho ver uma equipe com Lebron sem que seja automaticamente candidata ao título pelo simples fato de contar com ele. Será estranho também ver um time que vinha em uma ascensão gradual e sólida ter o melhor jogador do mundo em seu elenco e mesmo assim depender da mesma evolução gradual e sólida que vinha tendo para ter algum sucesso. E será muito estranho que sucesso, neste caso, seja uma campanha digna nos playoffs, sem, necessariamente, que o time precise avançar muito no mata-mata.

Mas será tão estranho quanto interessante. Eu não acho que o plano do Lakers tenha fracassado. Parto do princípio básico que você não pode achar que um time falhou quando conseguiu garantir três temporadas de Lebron James com aquele uniforme.

Além disso, o próprio contrato de James assegura à equipe a possibilidade de pensar no médio prazo. Acho uma estratégia inteligente. Com a renovação de Kevin Durant e a assinatura de Cousins, é muito improvável que alguém tenha chance contra o Warriors. Se esforçar muito para ter um time caro e talentoso para já é um gasto de energia e dinheiro quase que inútil.

A próxima offseason será mais interessante em termos de talentos disponíveis e o front office angelino terá um caminhão de dinheiro livre para tentar atrair bons jogadores.

Enquanto isso, o time tem a chance de mostrar que a dinâmica em Los Angeles será diferente dos antigos locais por onde Lebron passou. O camisa 23 será o líder técnico do time, mas não mais o técnico e general manager informal da equipe  – algo que já vinha afastando alguns jogadores de Cleveland. Uma nova postura de James, mais tranquila e menos centralizadora, e uma atitude mais firme da equipe onde ele joga, com mais oportunidade aos demais jogadores, pode ser um excelente sinal para os outros atletas da liga.

Em uma projeção otimista, também pode ser este o tempo necessário para que alguma coisa desande em São Francisco. Ou que pelo menos Cousins e Klay Thompson decidam mudar de ares ao final dos seus atuais contratos, dando esperança aos demais times.

Até lá, o Los Angeles Lakers testa se conseguiu dividir a bola entre James e Lonzo Ball sem que um dos dois surte, se Brandon Ingram confirmou seu talento na liga e se Kyle Kuzma supera a empolgação do ano de estreia.

É claro que o time não precisava ‘trocar’ Julius Randle por Rajon Rondo, que já não defende mais tão bem e condiciona seu bom desempenho no ataque ao seu humor. Que não tinha que assinar com Javale McGee, que estava prestes a sair da liga há dois anos e na última temporada quase não deu certo no Golden State Warriors, onde todo mundo dá certo. E que não tinha porque apostar que Lance Stephenson vá virar a melhor versão de Metta World Peace do Lakers porque um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

Mesmo assim, com tudo que parece tão estranho, com alguns erros de partida, acho que a perspectiva é otimista. E mesmo que não dê certo, será uma experiência interessante de se acompanhar.

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