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Raptors tem a melhor chance da sua história de se tornar um time respeitado

Ninguém respeita o Toronto Raptors. Não falo isso com desdém ao time – muito pelo contrário -, mas é um fato que o time canadense não goza do mesmo prestígio da grande maioria das franquia da NBA no gosto popular, da imprensa e dos próprios jogadores da liga.

Não vale quase nada que foi o melhor time da conferência Leste em vitórias desde 2014, Cleveland Cavaliers, Boston Celtics e até Philadelphia 76ers chegaram com mais moral nos playoffs da última temporada. Não interessa que manteve um dos elencos mais coesos e ponderados da NBA nos últimos anos, ninguém sem contrato assina espontaneamente com a franquia. Pouco importa que o time fez a troca mais importante da offseason, pegou um dos melhores jogadores da atualidade e deu fim a uma das novelas mais enroladas do esporte americano, a equipe não foi escalada para a prestigiada rodada de Natal.

Os motivos são vários. A franquia é uma das mais novas da NBA, fica fora dos EUA (e a outra que existia não aguentou o tranco e se mudou para Memphis), pela primeira vez teve tantas campanhas seguidas indo aos playoffs, ainda tem poucos ídolos e, mais importante de todos, mostrou ter um ‘teto de desempenho’ nos últimos anos. Não que eu ache que são justos, mas o discurso é mais ou menos por ai.

Agora com Kawhi Leonard – possivelmente o melhor jogador na melhor forma a vestir uma camisa do Raptors (Hakeem Olajuwon foi pra lá com 300 anos…) – e sem Lebron James no caminho – grande carrasco do time nas últimas idas aos playoffs -, a franquia tem a melhor chance de romper essa barreira que a coloca, ainda, num grupo de times de segundo escalão na NBA.

Via de regra, seria arriscado cravar que um time com tantas mudanças sensíveis – perdeu seu melhor jogador, adicionou outro em condições físicas e motivacionais duvidosas, trocou de técnico – chega para ser um dos favoritos na conferência, mas o esvaziamento do Leste é tamanho, que basta ter um pouco de boa vontade e um elenco minimamente organizado que o lugar entre os oito melhores já é praticamente garantido. No caso do Raptors, eu acho que o encaixe será simples: Kawhi é um cara bom e versátil, que precisa ir muito bem esse ano para aparecer o tanto que quer para poder assinar um novo contrato sem qualquer vestígio de dúvida sobre sua motivação e capacidade atlética; o núcleo remanescente em Toronto é bom; e parece que vai dar liga entre uma coisa e outra.

Por mais que o Boston Celtics ainda pareça um time mais completo e promissor, a diferença para o Toronto Raptors não deve ser gritante. E o time canadense terá ‘apenas’ o rival pela frente e não uma sombra atormentadora do time que o bateu múltiplas vezes nos últimos anos. É um desafio grande, mas mais fácil de ser superado.

Quem sabe assim, finalmente, o Toronto Raptos passe a ser respeitado como merece.

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