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Os demais que me perdoem, mas Harden ainda será o MVP

(Jaime Valdez-USA TODAY Sports)

Damian Lillard é incontestavelmente um dos jogadores mais decisivos da liga inteira para o sucesso do seu time: há um mês entrou em um modo de apelação e lidera o Portland Trial Blazer à melhor sequência vigente na NBA inteira, de 10 vitórias seguidas. Neste meio tempo, fez seu time escalar a tabela de classificação, saltando da 6ª posição, a duas partidas de sair da zona de playoffs, para hoje ocupar a 3ª posição, atrás apenas de Houston Rockets e Golden State Warriors.

Anthony Davis é outro jogador que parece de videogame. É o líder da NBA em pontos (33) e tocos (4) por partida nas últimos dez confrontos. Terceiro melhor reboteiro. Fez seu time se consolidar na briga por mando de quadra no mata-mata justamente quando Demarcus Cousins, outro craque do New Orleans Pelicans, se machucou. É impossível imaginar a equipe neste patamar sem Davis.

É claro que ele e Damian Lillard representam o máximo de valor para seus times. São as peças mais fundamentais que podem existir em um elenco, neste momento, mas, mesmo que o prêmio de MVP queira premiar, literalmente, o “Jogador Mais Valioso” da NBA, eu só consigo ver este troféu nas mãos de James Harden ao final da temporada.

É legítimo questionar o quanto outros jogadores são atualmente mais importantes para os sucessos dos seus times e de fato o momento atual de alguns deles é superior ao de Harden, mas é preciso fazer algumas ponderações justas – e que favorecem o jogador do Houston Rockets.

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O prêmio de MVP é um reconhecimento pela temporada do jogador. Com certeza um desempenho bom ao final da temporada acaba sendo mais decisivo para os votos do que um início avassalador, mas, em tese, ter dez primeiros jogos surreais deveria valer o mesmo do que ter dez últimos jogos impressionantes. E não existe jogador que tenha sido tão espetacular ao longo do ano inteiro como o barba.

Giannis Antetokounmpo começou o ano como candidato ao prêmio, depois Lebron James assumiu o posto de maior concorrente de Harden. Em determinado momento, Stephen Curry chegoua  registrar marcas parecidas com as que teve no seu bi-MVP. Agora, Damian Lillard e Anthony Davis que despontam como possíveis candidatos. Mas pelo simples fato de Harden ter sido o favorito nessa briga contra todos estes jogadores, já tenho pra mim que ele esteve no topo ao longo de todo o ano.

Os jornalistas votantes também criaram ao longo dos anos um critério informal, mas que funciona muito bem na maioria esmagadora das vezes. O MVP não é necessariamente o melhor jogador da NBA, mas sim o melhor jogador no melhor time. Ou em algum dos melhores. Assim, devemos olhar primeiro para os líderes de cada conferência, Toronto Raptors e Houston Rockets, e considerar que os segundos colocados, Boston Celtics e Golden State Warriors, ainda podem virar o jogo ao longo do último mês de temporada. Na teoria, o MVP seria naturalmente escolhido de algum destes times. James Harden, mais uma vez, é o favorito por ser o melhor jogador do líder da liga. Na sequência, mas consideravelmente atrás, viriam Demar Derozan, Kyrie Irving, Stephen Curry ou Kevin Durant.

Por fim, e talvez mais importante, existe um senso geral de justiça histórica. Vamos voltar alguns anos no tempo para exemplificar. Kevin Garnett passou umas duas temporadas sendo o líder absoluto nas estatísticas da liga no início dos anos 2000. Só não era uma máquina de triplos-duplos porque o jogo era bem mais lento do que o jogado hoje. Seu time não era dos melhores, mas seu talento natural elevava o Minnesota Timberwolves de patamar. Mesmo assim, Tim Duncan, de basquete menos vistoso, estatísticas mais modestas e companheiros mais talentosos venceu dois MVPs seguidos. No terceiro ano, bastou o Timberwolves confirmar uma campanha ligeiramente melhor que Garnett foi reconhecido como o melhor da temporada. Não tinha como passar mais um ano sem premiá-lo.

A mesma coisa aconteceu com Kobe Bryant. Nos cinco anos que antecederam seu prêmio de MVP, Kobe sempre vinha entre os mais cotados. Nas duas temporadas imediatamente anteriores, ele liderou a NBA em pontos, carregou o time nas costas e tudo mais, mas sempre aparecia alguém com uma temporada ainda mais impressionante. Foi premiado em 2008 porque não tinha mais como passar um ano sem reconhecer que ele merecia pelo menos um troféu de MVP.

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James Harden é esse cara hoje. Já foi quase o MVP em uma das vezes que Stephen Curry foi premiado e no ano passado foi o vice em uma disputa acirradíssima com Russell Westbrook. Só não ganhou porque o armador do Thunder conseguiu a icônica média de triplo-duplo ao longo de toda a temporada – apesar de, possivelmente, as médias de Harden terem sido ainda mais impressionantes.

Basicamente, não tem como não premiá-lo mais. O seu troféu está muito mais maduro que os dos demais.

Por fim, depois do passeio do Golden State na temporada passada e, sobretudo, nos playoffs, ninguém imaginava que algum time pudesse fazer frente aos campeões. E o Houston Rockets, não só por causa de Harden mas principalmente por ele, hoje é a principal ameaça à supremacia californiana. Isso tem que ser reconhecido.

Por mais que existam jogadores possivelmente mais importantes para seus times do que James Harden, ninguém reúne tantas credenciais para merecer o troféu de MVP. A menos que um desastre aconteça, o prêmio já é dele.

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