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Senna e Fittipaldi campeões! Não, você não voltou ao passado

O final de semana foi de nostalgia e da confirmação de que, definitivamente, o Brasil tem mais ganhado do que perdido no automobilismo. Apesar da longa ausência de uma categoria nacional de formação de pilotos, os que lá fora correm têm feito bastante. O primeiro título de um brasileiro no automobilismo internacional foi o de Lucas di Grassi, ao abraçar a coroa de campeão da Fórmula E, ainda no mês de junho.

No último final de semana, outros dois brilharam e fizeram os saudosistas respirarem fundo: Pietro Fittipaldi foi campeão da World Series V8, uma categoria similar à Fórmula 2 em termos de potência e aerodinâmica; e Bruno Senna sagrou-se campeão mundial de endurance na classe LMP2.

Duas coincidências entre os dois, além do fato de as conquistas terem acontecido na mesma pista e no mesmo final de semana: Fittipaldi foi campeão pilotando um carro preto e dourado da equipe Lotus; e Senna foi campeão mundial tendo como companheiro de equipe um Prost – Nicolas, filho de Alain.

 

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Pietro precisava de um quarto lugar para ser campeão. A World Series correu no mesmo evento que o FIA WEC no Barein, no último final de semana. O neto de Emerson Fittipaldi, terminou a primeira prova na segunda posição com o carro da Lotus (sim, da Lotus, preta e dourada) e garantiu a coroa.

Como prêmio, o brasileiro participou do teste de novatos com o fantástico LMP1 da Porsche – e de cara enfiou quase dois segundos sobre ninguém menos que Fernando Alonso. Claro, é preciso relativizar. A World Series é um campeonato que neste ano só teve dez carros no grid e deixa de existir. De uma maneira ou de outra, Pietro entra para a história como o último campeão da categoria.

Na foto acima, Fittipaldi fala com o experiente Timo Bernhard, piloto titular da Porsche, que também deixa o FIA WEC (na LMP1) ao final deste ano. O próximo passo para o brasileiro deve ser a Fórmula 2, mas seu staff também trabalha para que Pietro seja confirmado como terceiro piloto em alguma equipe da Fórmula 1.

Pietro teve uma carreira distinta da maioria de seus colegas e adversários. Criado nos Estados Unidos, começou a correr no turismo, em divisões de base da NASCAR. Foi campeão em uma delas, e logo mudou-se para a Inglaterra, onde foi campeão da Fórmula 4 e da Fórmula Renault; na Fórmula 3 Europeia não foi tão bem, mesmo assim optou pelo passo seguinte na World Series V8, onde passou dois anos.

 

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Senna campeão

Vinte e seis anos e quinze e dias depois da conquista do tri de Ayrton Senna na Fórmula 1, a família voltou a alcançar um título mundial. A honra coube ao sobrinho Bruno, que o se sagrou campeão da classe LMP2, a mais numerosa e competitiva das quatro categorias do Campeonato Mundial de Endurance – FIA WEC, graças a uma dramática e suada vitória nas 6 Horas do Bahrein, nona e última etapa da temporada. Depois de se revezarem na ponta em boa parte da prova com os únicos rivais em condições de derrotá-los no campeonato, Bruno e seus companheiros da Rebellion Racing, os franceses Julien Canal e Nicolas Prost, ganharam pela quarta vez em 2017.

Se não virtualmente impossível, a conquista do título mundial pareceu mais do que improvável para Bruno Senna depois da quarta etapa. Ao final da prova de Nürburgring, na qual o parceiro francês Nicolas Prost foi substituído pelo português Filipe Albuquerque e se despediu da luta pelo campeonato, a desvantagem em relação ao chinês Ho-Pin Tung, o britânico Oliver Jarvis e o francês Thomas Laurent chegou a 46 pontos. Pior ainda: com duas vitórias seguidas, incluindo a anterior com pontuação dobrada nas 24 Horas de Le Mans, o trio da Jackie Chan DC Racing despontava como franco favorito em sua classe.

A reviravolta chegou de vez na fase asiática. Foram três vitórias consecutivas – Japão, China e a do fim de semana em Sakhir – que deram a Senna e Canal a contagem final de 186 pontos, contra 175 dos pilotos do time de propriedade do astro chinês de filmes de ação. Mas a comemoração correu risco na parte final da prova no deserto, quando uma pane hidráulica no sistema de direção restando pouco mais de uma hora para o final quase acabou com os sonhos do brasileiro.

Uma vitória dos únicos rivais, naquele momento em segundo na pista, inverteria a classificação final – Senna e seus parceiros chegaram à decisão quatro pontos à frente. Mas o volante voltou a funcionar corretamente e permitiu ao carro 31 comandado por Senna terminar a corrida com 10 segundos de diferença para Jarvis.

Bruno é o segundo brasileiro a vencer no Mundial de Endurance – o primeiro foi Raul Boesel, pela Jaguar, em 1987. Na foto acima, comemora ao lado de Julien Canal e Nicolas Prost. O filho de Alain não participou de uma etapa, por isso, matematicamente, não alcança o título.

Fittipaldi campeão com uma Lotus preta e dourada; Senna campeão comemorando ao lado de um Prost… Parece que voltamos algumas décadas. Mas eles, ainda, nos mostram que o futuro ainda lhes reserva bons momentos.

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