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Fórmula 1 empolga nos EUA; Max Verstappen dá um show e FIA estraga tudo

O GP dos Estados Unidos trouxe o modo americano de entretenimento esportivo para dentro da Fórmula 1, coisa que os norte-americanos da Liberty Media vêm tentando com algum sucesso fazer desde o início da temporada. Em Austin, Texas, o show foi quase perfeito.

A apresentação dos pilotos, saindo de um túnel todo esfumaçado, diante das arquibancadas, a presença do ex-presidente Bill Clinton, do recordista Usain Bolt esbanjando simpatia no paddock, e até o famoso bordão “Gentlemen, start your engines” (“Senhores, liguem seus motores”) antes da largada; tudo isso com toques de conscientização pela prevenção ao câncer de mama – bonés e garrafas de champanhe do pódio todos pintados de rosa – e muito entretenimento para quem compareceu ao autódromo – shows, parques e muita opção de diversão.

A corrida? Não foi aquilo tudo, com alguns momentos mais empolgantes como a largada, em que Sebastian Vettel tomou a liderança por algumas voltas até ser ultrapassado por Lewis Hamilton; o mergulho de Daniel Ricciardo sobre Valtteri Bottas, também na parte inicial da corrida – o australiano abandonaria depois com problemas de motor; o passão sensacional, por fora, de Vettel sobre Bottas na curva um; e Verstappen largando de 15º e fazendo uma corrida de pac-man engolindo todo mundo que via pela frente.

O clímax foi a ultrapassagem do holandês sobre a Ferrari de Kimi Räikkonen para tomar a terceira posição e o lugar no pódio a quatro curvas da bandeira quadriculada. Uma manobra celebrada, arrojada, no melhor estilo juventude contra experiência.

Todos os ingredientes para um grande show ao estilo norte-americano.

Aí vem a FIA e estraga tudo.

Verstappen já estava na ante-sala do pódio quando apareceu na tela o aviso de que ele foi punido com o acréscimo de cinco segundos em seu tempo de corrida por “abusar dos limites da pista”. O famoso track limits. O holandês foi avisado, fez uma cara de ironia e retirou-se sem maiores delongas.

A imagem que abre este post mostra exatamente o momento da ultrapassagem. Sim, Verstappen abusou e deu uma cortada de caminho: colocou as quatro rodas para fora da pista, ganhando uma vantagem. Kimi deixou uma brecha e Max se jogou para dentro. Uma vez executando a manobra, era a opção que restava ao holandês.

Ok, Verstappen abusou. Foi a manobra da corrida – da qual Max foi eleito o melhor do dia. O piloto da Red Bull foi um dos principais ingredientes do espetáculo e o protagonista do principal momento da prova.

Não era uma situação merecedora de punição. A MotoGP nos prova isso quase todos os finais de semana:

Neste lance, ninguém foi punido por “abusar dos limites da pista”.

Nesta mesma Laguna Seca, onde Marc Márquez é clicado ultrapassando Valentino Rossi, Alessandro Zanardi fez o mesmo sobre Bryan Herta na antiga CART (ou Indy) na última volta da corrida. Assim como Márquez, não foi punido. Nem Carlos Sainz, que ultrapassou a Toro Rosso de Daniil Kvyat do mesmo jeito – o espanhol, aliás, fez excelente estreia pela Renault para chegar aos pontos.

Claro que todos os envolvidos ficaram indignados. Jos Verstappen, pai de Max, foi “xingar muito no Twitter” para dar um (não muito) novo significado à sigla FIA – Ferrari International Assistance.

Como aquele GP de 2006 em que só seis carros largaram em Indianápolis, a FIA dá outro tiro no pé, justamente no território que mais interessa à F1.

Um baita anticlímax.

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