A taxa oficial de inflação do Brasil desceu a níveis de países desenvolvidos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 2,46% em 12 meses até agosto. Esse ambiente pode, conforme economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, até dar margem para debates sobre redução na meta inflacionária para a faixa de 3% mais à frente. De acordo com eles, contudo, a permanência da inflação nos níveis atuais está atrelada, entre outros fatores, à condução da agenda de reformas. Foto: Werther Santana|Estadão
A inflação brasileira já está abaixo da faixa do Reino Unido, por exemplo. Enquanto o IPCA acumula 2,46% em 12 meses até agosto, o índice de preços ao consumidor do Reino Unido está em 2,9%, na mesma base de comparação. Segundo o economista-chefe do Rabobank Brasil, Mauricio Oreng, há uma pressão na inflação britânica após a depreciação cambial resultante do Brexit. Foto: Pixabay
O índice de preços ao consumidor da Alemanha acumula alta de 1,80% nos 12 meses até agosto deste ano. Embora o Brasil tenha se aproximado desse patamar, a inflação no país de Angela Merkel ainda está mais de meio ponto percentual abaixo do indicador brasileiro. Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch
Na Espanha, o indicador oficial de inflação aponta uma taxa de 1,96% no acumulado de 12 meses em agosto deste ano. Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, a reorientação da política econômica e monetária são alguns dos fatores que estão permitindo o alívio inflacionário no Brasil. Além disso, ela acrescenta que a inflação brasileira se aproxima da média mundial pois o ciclo econômico está ficando cada vez mais aderente ao restante do mundo. Foto: REUTERS/Paul Hanna
Nos EUA, a inflação tem desacelerado e, acumulada em 12 meses até agosto, registrou alta de 1,90%. "Lá fora, há um debate sofre fatores estruturais, sobre produtividade baixa que estaria limitando o crescimento dos salários e consequentemente o aumento da inflação", afirma Mauricio Oreng, do Rabobank Brasil. Foto: Diane Bondareff/ AP Images
O índice de preços ao consumidor na Itália ficou em 1,42% no acumulado de 12 meses que terminou em agosto. "A expectativa é que essa tendência desinflacionária continue em 2018 aqui e lá fora. Não estão no horizonte pressões cambiais. Está ocorrendo uma normalização da política monetária externa bem gradual", diz o economista Leonardo França Costa, da Rosenberg Associados. Foto: AP Photo/Andrew Medichini
Com uma inflação de 1,28% no mesmo período de comparação, Portugal está abaixo da taxa média entre as nações da Zona do Euro, de 1,50%. Ambos os patamares ainda estão bem distantes do brasileiro, a 2,46%. Para Zeina Latif, da XP, o atual cenário favorável no Brasil a uma baixa inflação pode ser alterado, dado que alguns condicionantes tendem a ser pontuais. "Há componentes de sorte, como câmbio e commodities. Tivemos uma safra agrícola fantástica e os preços de alimentos estão ajudando bastante. Talvez isso não se repita, mas também não tende a explodir", analisa. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
Os países que integram a Zona do Euro fecharam o período de 12 meses até agosto com uma inflação acumulada de, na média, 1,50%. No Brasil, economistas não descartam a possibilidade de o IPCA terminar este ano aquém de 3%. Se isso acontecer, o Banco Central terá de justificar o descumprimento da meta de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo, em carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "Se tiver de escrever a carta, será por uma causa ótima. Será uma carta do bem. A queda da inflação é bem importante. Não é à toa que os números são os menores desde 1994", afirma Mauricio Oreng, do Rabobank Brasil. Foto: Ralph Orlowski/Reuters