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Desde que começou a assistir aos jogos da NBA, aos cinco anos, Raphael Toledo já sabia que queria jogar basquete. Vendo o talento do filho, o advogado Daniel Toledo, então, buscou clubes no Brasil, mas não encontrou nenhum que tivesse um trabalho com crianças tão novas.
Chateado com a negativa de diversos clubes de São Paulo, o próprio garoto, hoje com 10, sugeriu ao pai que se mudassem definitivamente para Miami para tentar realizar o sonho de jogar na NBA. Com a guarda definitiva do garoto desde que ele tinha dois anos, o pai já estava habituado e ficar entre o Brasil e os Estados Unidos, país onde tem emprego fixo e residência.
"Vi que teria uma seletiva para o camp do Miami Heat e resolvi inscrever o Raphael. Ao todo, foram umas 200 crianças para o teste e o Raphael ficou entre as 12 que foram selecionadas", conta o pai. Ao todo, o garoto se inscreveu em 16 peneiras e passou em 14. Apesar de ter começado a trajetória no Heat, hoje o menino joga pelo Warrior Basketball, também sediado em Miami.
"O que mais gosto de fazer é arremessar de três pontos", conta o ala de 1,46 m e 46 kg. Ele é o principal destaque da equipe e foi o cestinha na campanha que garantiu o bicampeonato estadual, no último mês de janeiro. Além de torcer para o Golden State Warriors, o menino da quinta série também segue o Cleveland Cavaliers e afirma que sua principal inspiração é Kyrie Irving.
O maior medo de Daniel era a adaptação do filho à nova cultura. Mas Raphael mostra que está muito bem em seu novo lar quando fala português com sotaque ou não pensa duas vezes em revelar que sonha em defender a seleção norte-americana de basquete, ao invés da brasileira.
Segundo o pai, ele e o filho nunca sofreram nenhum tipo de discriminação por não serem nativos do país. Na verdade, o cenário é completamente o inverso, já que ele nem é visto como um estrangeiro. "Ele tem poucos amigos brasileiros. Ele está de segunda a segunda no ginásio e passa a maior parte do tempo com os meninos da equipe. Brincam até que ele é realmente americano."
Até que complete 19 anos, Raphael não pode receber salário para jogar e os custos do menino são bancados tanto pelo pai como pelo próprio time. Ainda que não seja remunerado, Raphael acabou de renovar o contrato por mais dois anos. Ele até recebeu propostas de outras franquias recentemente, mas ele e o pai decidiram ficar em Miami. "Estamos muito bem localizados aqui. Nossa casa fica a poucas quadras de distância do ginásio, do centro de treinamento, do meu trabalho e da escola dele. Recebi propostas de três outros times, mas eu e o Raphael vamos ficar aqui."
Luis Carreras, um dos donos do time e que também treina os garotos, afirma que o brasileiro é realmente o melhor arremessador do time, mas que isso ainda não é suficiente para uma carreira de sucesso. "Ele é quem lança melhor, mas não é o melhor defensor, nem o melhor passador. Mas ele ainda tem muito a trabalhar", conta o peruano de 32 anos e que mora há 26 nos Estados Unidos.
Para o técnico, a principal característica do brasileiro é sua confiança. "Ele sabe das suas habilidades, e quando você confia em si mesmo, o jogo fica muito mais fácil."
POPULARIDADE NAS REDES SOCIAIS
Inspirado nos perfis que acompanham os filhos de LeBron James e Dwyane Wade, o crescimento de Raphael Toledo nos Estados Unidos é registrado em contas nas redes sociais. O canal do menino no YouTube já conta com mais 15 mil inscritos, enquanto no Facebook e no Instagram ele possui cerca de 2 mil seguidores em cada.
"Tivemos a ideia do canal para mostrar para outros meninos brasileiros que existe a possibilidade de que, quando sonha, quando se desenvolve e quando tem condições, principalmente financeiras, é possível realizar o maior sonho", explica o advogado, que lamenta a falta de investimentos no Brasil voltados para crianças e jovens atletas.
Além de Daniel, quem também comanda as redes sociais do menino é o amigo Eduardo Albuquerque, ex-ator da Rede Globo e que atualmente trabalha como roteirista. "Ele é quem tem as ideias, quem grava, quem edita os vídeos e quem abraçou esse projeto e o trata como um hobby."