Após deixar a CBF, Ceretta projeta fracasso de árbitro de vídeo

Árbitro faz críticas contra Sérgio Corrêa e explica motivos para não apitar mais jogos no Brasil

Guilherme Ceretta de Lima foi o principal nome da arbitragem de São Paulo entre 2012 e 2015, se tornou um dos árbitros mais respeitados do futebol brasileiro e no auge da sua carreira resolveu jogar tudo para o alto e foi morar nos Estados Unidos. Em entrevista ao Estado, ele apoia, mas não crê no sucesso do árbitro de vídeo no Brasil e critica os antigos critérios para ascensão dos árbitros no País.

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"O árbitro de vídeo, na mão de quem está, não vai ser bom. A arbitragem ficou na mão dele por tanto tempo e foi ruim, porque o de vídeo vai ser bom?", disse Ceretta, se referindo ao ex-árbitro Sérgio Corrêa, com quem teve problemas quando apitava no futebol brasileiro. Assim como os dirigentes de alguns clubes que foram contra a implantação do VAR, culpou a falta de padrão para o possível insucesso da ferramenta no Brasil.

"Pode dar certo, porque não tem segredo. Se você não conseguir enxergar o que está parado na TV, pode parar, né? Mas eu acho que falta explicar exatamente o que vai ou não ser analisado. Não pode parar o jogo por qualquer coisa. Por exemplo: O atacante sai na cara do gol, o bandeira dá impedimento, o lance para. Aí vamos ver na TV e mostra que não estava impedido. E aí? Vai voltar o lance? Como? Se for para entrar em lance de impedimento, não precisa mais existir o bandeira. Ele vai mais atrapalhar. Deixa toda jogada acontecer e quando terminar o lance, seja gol ou não, a gente olha na TV para ver se estava em posição legal ou não", analisou o árbitro, que deu entrevista antes dos clubes vetarem a mudança. “Parece que eu estava prevendo”, brincou, após o veto.

Ceretta ainda defende a ideia de árbitro de vídeo ser utilizado, mas pede coerência. "Tem que ser em lance de bola dentro ou fora da área, se foi gol ou não, essas coisas. Lances interpretativos não dá, porque a gente pode ver um lance e ter opiniões distintas”.

Após apitar duas decisões de Campeonato Paulista, de 2013 e 2015 e entrar no quadro de aspirantes da Fifa, Ceretta acreditava que teria vida longa na arbitragem brasileira, mas decidiu abandonar tudo, dar aula em uma escolinha de futebol e apitar jogos de categoria de base nos Estados Unidos. A política da arbitragem e os critérios para ascensão na carreira o fez desistir.

"O presidente da CBF precisa do voto das 27 federações. Existe um limite de indicados para apitar jogos de cinco árbitros de cada estado. Com todo respeito aos centros de menor tradição, mas o 20º melhor árbitro de São Paulo é melhor do que o primeiro de vários estados sem tradição no futebol. Mas se deixarem esses menores de fora, o presidente da federação perde força e não é eleito. Isso vai deixando a gente com nojo. Não aceito ver um árbitro de São Paulo tendo que apitar jogo da Série C ou D e ver um outro, com menos capacidade, em grandes jogos da Série A", reclamou.

Entretanto, ele garante que as críticas se referem ao momento que ele viveu, quando a arbitragem brasileira era comandada por Sérgio Corrêa. Agora, sob a gestão do Coronel Marinho, ele acredita que tudo será diferente. "No Coronel Marinho eu confio. Ele é competente, sério, honesto e transparente. Ele passou dez anos no comando da arbitragem paulista e mostrou sua competência", explicou.

O ex-modelo nega que seja algum tipo de preconceito. "Não é isso. É que estamos falando de um árbitro que apita uma final de campeonato estadual com mil pessoas e depois vai trabalhar em um Maracanã, Arena Corinthians ou Morumbi com 30, 40 ou 50 mil torcedores. É óbvio que vai ser difícil para ele assimilar tudo isso. Os jogos mais importantes tem que ser apitados pelos melhores, sem importar o estado. Os cinco primeiros do Acre, Rondônia ou Pará não são melhores do que os 20 de São Paulo."

Sincero, ele explica o motivo de não ter feito tal desabafo enquanto era árbitro e estava no auge da carreira. "Infelizmente temos uma categoria fraca e quem está dentro do sistema aceita muita coisa. Não é cuspir no prato que eu comi, mas enquanto nos convém, a gente aceita as coisas", comentou o árbitro, que descartou retornar ao Brasil para apitar jogos.

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