Durante a Copa do Mundo da Rússia circularam nas redes vídeos da população haitiana comemorando - talvez até mais que nós mesmos - o desempenho da seleção brasileira, principalmente após a vitória nos acréscimos diante da Costa Rica. Mas se o futebol é muitas vezes sinônimo de união, o esporte mostra que também pode ser usado como uma ferramenta de alienação.
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O governo do Haiti aproveitou a distração da população com as quartas de final entre Brasil e Bélgica para tomar uma atitude que sequer foi anunciada: um aumento considerável no preço dos combustíveis do país com o fim dos subsídios.
Com a derrota da seleção brasileira e eliminação do mundial na Rússia, os haitianos perceberam a manobra política e iniciaram uma onda de protestos - alguns, inclusive, bastante violentos. Carros foram incendiados, barricadas formadas, voos internacionais cancelados.
A história, contada por Richard Ensor, chefe do escritório da revista The Economist na Cidade do México, revela que a gasolina aumentou 38%, o diesel 47% e a querosene 51%, item que é muito usado pela população mais pobre nas casas sem energia elétrica.
Ao menos três pessoas faleceram nas manifestações provocadas não só pelo aumento considerável dos preços, mas por ter sido o estopim da uma população que convive com alta inflação, desemprego e miséria.
O Haiti ainda aparece no ranking do Banco Mundial como tendo uma das sociedades mais injustas do mundo: cerca de 60% da população vivem com menos de dois dólares por dia.
Resultado: o primeiro-minitro haitiano Jack Guy Lafontant renunciou e o governo voltou atrás na decisão.