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A estranha dinâmica dos rebotes do Thunder nas mãos de Steven Adams

(Sue Ogrocki/AP Photo)

Uma das brincadeiras que não eram tão brincadeiras assim feitas antes do início da temporada era a de com quantas bolas o Oklahoma City Thunder teria que jogar para satisfazer toda a fome de Russell Westbrook, Paul George e Carmelo Anthony. Todos excelentes jogadores, mas com o hábito de chutarem todas as bolas dos seus times – quando jogavam separados -, o que viria a ser bem preocupante. O time sofreu no começo, cambaleou, demorou para engrenar com os três, mas com o tempo aprendeu a jogar. Para isso, precisou criar uma dinâmica muito própria de jogo que só é possível por causa do talento, esforço e disciplina de Steven Adams.

Westbrook, George e Anthony formam o trio da NBA que mais tem arremessos errados na temporada. São mais de 2,2 mil tijoladas desgovernadas. Isso significa 31 arremessos errados por partida – enquanto acertam ‘apenas 23’. Some-se a isso que, por boa parte da temporada regular, o quinto titular da equipe era Andre Roberson, um excelente defensor, mas que é reconhecido como um dos arremessadores mais tenebrosos de toda a liga atualmente.

Com tantos arremessos potenciais errados, recuperar a posse da bola nos rebotes ofensivos se tornou uma necessidade – e Steven Adams se tornou, então, em um especialista nisso. É tudo uma questão de habilidade somada ao posicionamento dos jogadores. Se na defesa a regra do Oklahoma City Thunder é que Adams faça uma barreira para que Russell Westbrook colha os rebotes sem muito esforço – dos jogadores com mais de 9 rebotes por jogo, o armador do OKC é o que menos tem que brigar por eles, já que apenas 21% são ‘contestados’ -, no ataque a orientação é que Adams se antecipe ao arremesso e lute por uma posição à frente do seu adversário. Isso faz com que ele seja o jogador que mais pega rebotes ofensivos enquanto está em quadra (17% das vezes que a bola é arremessada errada com ele jogando é recuperada pelo pivô) e também o que tenha a maior proporção de rebotes conseguidos tendo que brigar com os adversários (55% deles são disputados).

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Essa dinâmica de dividir a tábua defensiva entre Russell e Steven é inteligente. Se Westbrook pega o rebote na defesa, ele consegue puxar o contra-ataque com mais velocidade e qualidade. O time só precisou se ajustar para sempre posicionar alguém fora da linha de três pontos quando faz o arremesso para que o campo defensivo não fique muito aberto para o ataque adversário, já que Adams está quase sempre afundado de baixo da cesta rival tentando recuperar a bola – esta precaução faz com que o OKC seja apenas o 20º time que mais leva contra-ataques.

Toda essa dinâmica faz com que, estranhamente, Adams seja mais insubstituível do que qualquer um dos jogadores do trio mais badalado da equipe. A diferença entre pontos feitos e tomados quando ele está ou não em quadra é a mais significativa da equipe e todos os números do time são melhores com Adams jogando do que no banco – o que não necessariamente se repete com Westbrook, George e Anthony em todos os casos. O mais relevante, claro, são os pontos criados a partir de rebotes ofensivos. Com Adams em quadra, o Thunder faz 17 pontos a cada cem posses de bola em segundas chances. Sem ele, são apenas 10.

O mérito também é do técnico Billy Donovan, que notou que com um trio que gostava tanto de chutar – nem sempre nas melhores condições -, seria fundamental ter alguém mais dedicado em fazer o jogo sujo e recuperar parte destas bolas. Deu certo.

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