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Após 86 jogos de playoffs, Chris Paul finalmente jogará uma final de conferência

(Eric Christian Smith, The Associated Press)

De todos em quadra, Chris Paul era o que melhor entendia o risco de deixar virar uma série de playoffs que estava aparentemente controlada. Em 2015, contra o Houston Rockets que agora defende, ele e seus colegas de Los Angeles Clippers deixaram escapar a classificação para a final de conferência daquele ano depois de abrir uma vantagem de 3 a 1. Desta vez, na melhor chance da sua vida de acabar com o incômodo tabu de nunca ter passado do segundo round dos playoffs, Chris Paul estava disposto a não deixar isso acontecer.

Justamente quando o Utah Jazz esboçou uma reação e ultrapassou o Rockets no placar, a 11 minutos do final da partida, Paul colocou a bola debaixo do braço e carregou o time. Fez 20 dos seus 41 pontos no último período e garantiu sua primeira passagem a uma final de conferência na carreira. Foi uma partida exuberante. Além das 10 assistências distribuídas, não cometeu qualquer desperdício de bola. Ainda acertou chutes impossíveis, um deles no último segundo da posse de bola, batendo na tabela antes de cair, que acabou com qualquer pretensão de virada do Jazz.

A campanha do Houston e a classificação de ontem corrigem uma injustiça histórica com CP3, que demorou 86 jogos disputados de playoffs para finalmente chegar a uma final de conferência – um recorde na história da NBA. Foi bom, pois um um jogador tão decisivo, com tantas boas atuações inclusive em partidas de mata-mata, não poderia ficar rotulado por isso. Foi melhor ainda que foi assim, com uma atuação de gala.

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É verdade que o Los Angeles Clippers dos últimos anos poderia ter ido mais longe, e que esses fracassos também passam pelo insucesso pessoal de Paul, mas também é verdade que o time sempre teve um azar danado com lesões e teve uma concorrência pesada neste meio tempo. E, na média, o armador sempre teve atuações sensacionais na pós-temporada. Era saudável para sua biografia que ele superasse isso.

Até porque sua grandeza para o jogo vai além disso.Um exemplo é o tanto de tempo que está aí jogando em altíssimo nível. Em 2008, por exemplo, ele ficou em segundo na votação para MVP, perdendo apenas para Kobe Bryant. Uns anos depois, discutíamos quem era o melhor armador da NBA, ele, Deron Williams, Derrick Rose ou Rajon Rondo – enquanto ele continua com tudo, um já se aposentou, outro já deveria ter se aposentado e o terceiro já teve tempo de desaparecer e voltar.

Agora, ao lado de James Harden, o armador tem a melhor chance da sua vida de conseguir ir até além. Por mais que muitas dúvidas tenham sido levantadas sobre o quanto conseguiria render ao lado de um jogador que domina tanto a bola quanto ele, Chris Paul conseguiu se transformar na dupla perfeita para Harden, a ponto de elevar o Houston Rockets ao patamar de líder da NBA. Foi perfeito para fazer Clint Capela se transformar em um dos melhores pivôs da temporada e suficiente para não atrapalhar que Harden tivesse mais um ano de MVP.

A estreia em um confronto a esse ponto da competição faz jus ao feito: contra o todo poderoso Golden State Warriors, imbatível desde a formação do elenco atual com Kevin Durant. Ao mesmo tempo, com Paul jogando deste jeito, o Houston Rockets se transforma no maior desafio já enfrentado pelo atual campeão. As chances disso acontecer, passam pelas suas mãos.

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