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Felizes são aqueles que não sofreram com lesões nesta temporada

(Troy Taormina-USA TODAY Sports)

A sensação é a pior possível. O time pode fazer tudo certo, contratar corretamente, se preparar bem, armar um esquema bem amarrado e tudo mais, mas basta que o melhor jogador caia de mal jeito, pise errado ou que o Zaza Pachulia faça alguma sacanagem contra ele, que uma temporada inteira pode ir pelo ralo. Não tenho a convicção se nesta temporada as coisas estão piores (há quem diga que sim, há quem diga que o número de lesões está na média), mas sortudos são aqueles times que não tiveram algum jogador relevante lesionado ao longo da maratona de jogos.

Olhar para a tábua de classificação dá uma boa pista sobre quais times atravessaram estes primeiros quatro meses de temporada incólumes e quais até registraram algumas baixas, mas têm times muito bons para sofrer efetivamente com isso. Dentre aqueles que não estão perdendo de propósito e entraram na temporada para ir o mais longe possível, só Toronto Raptors e Portland Trail Blazers não tiveram jogadores importantes no departamento médico por um longo período de tempo.

A durabilidade rende a liderança do Leste ao time canadense neste momento. E com um banco jovem e surpreendentemente eficiente, o time tem até a possibilidade de manejar os minutos dos seus principais jogadores nas últimas semanas de campeonato a fim de diminuir os riscos de lesões – seja por amenizar aquelas provenientes de desgaste físico, seja por colocar os jogadores em menos situações de risco naquelas que surgem a partir de fatalidades.

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No caso do Portland, o time até sentiu a lesão de Al-Farouq Aminu no começo da temporada, mas desde então só teve baixar esporádicas ou menos relevantes. Até por isso o time hoje é o quinto no Oeste, mesmo com uma apresentação nada brilhante da sua dupla de armadores nesta temporada e com Jusuf Nurkic performando bem abaixo do que vinha fazendo um ano atrás, quando era um recém-chegado no Oregon.

Já no grupo de times que tiveram lesões, mas mesmo assim conseguiram manter a mesma pegada, estão Golden State Warriors e Houston Rockets. James Harden ficou seis partidas se recuperando de um problema na coxa, Chris Paul bateu cartão no Departamento Médico por 1/3 da temporada e mesmo assim o time registra a melhor campanha da NBA. Este, aliás, é o melhor sinal de força da equipe. Com o núcleo completo, o Houston perdeu apenas um jogo e venceu outros 30.

Na baía de São Francisco o esquema é o mesmo. Stephen Curry ficou alguns jogos de fora e a franquia nem sentiu. Aliás, a menos que o elenco passe por um surto coletivo, o maior problema para os jogos finais da temporada regular e os primeiros confrontos dos playoffs é a falta de tesão do atual campeão em jogar quase 100 jogos por ano que não valem nada antes de começar a final.

Fora isso, todo mundo teve ou vem tendo sérios problemas. O Cleveland Cavaliers achava que o problema era a ausência de Isaiah Thomas até que ele começasse a jogar – e quando isso aconteceu, Kevin Love se machucou. Boston Celtics teve que aprender a jogar sem Gordon Hayward, machucado no quinto minuto de temporada, e ainda ficou um bom tempo sem Marcus Smart. O Washington Wizards deve ficar ainda algumas semanas sem John Wall. Markelle Fultz (Sixers), Reggie Jackson (Pistons), Jabari Parker (Bucks), Myles Turner (Pacers), Kristaps Porzingis (Knicks), Hassan Whiteside, Dion Waiters e Kelly Olynyk (Heat), cada qual com seu papel e grau de importância, também deram dor de cabeça para seus times no Leste.

Do outro lado do mapa, a ruptura no menisco de Jimmy Butler afunda qualquer pretensão do time em se tornar o azarão dos playoffs no Oeste. Sem Kawhi Leonard, o San Antonio Spurs não deve brigar por muita coisa (como já se viu nos playoffs do ano passado). A saída de Demarcus Cousins abalou o New Orleans Pelicans assim como a baixa de Paul Millsap foi prejudicial para o Denver Nuggets e as lesões de Rudy Gobert atrapalharam os planos do Utah Jazz.

A 20 rodadas do final da temporada regular, os times já passam a considerar o quanto vale a pena desacelerar na corrida pelo mata-mata em alguns momentos. Ao mesmo tempo que seria, na teoria, um bom momento para rodar à exaustão o time titular para afinar as melhores rotações para os playoffs, descansar os melhores jogadores e se prevenir de situações perigosas parece uma tática mais segura para quem pode se dar a este luxo.

Assim como foi a temporada até agora, chegarão mais longe aqueles times que sobreviverem aos joelhos torcidos, ligamentos rompidos e ossos quebrados.

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