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O Los Angeles Lakers não se cansa de fritar seus jovens talentos

(Kirby Lee-USA TODAY Sports)

De que adianta forçar a barra para ir mal, passar pela pior fase da história da franquia em nome de uma reconstrução baseada pelo draft se, cedo ou tarde, maior parte de tudo aquilo que foi conquistado com este sacrifício será descartada, desprotegida ou fritada pelo próprio time. É basicamente isso que tem acontecido com o Los Angeles Lakers ao longo dos últimos quatro anos: o time tem uma temporada sofrível com o alento de que um bom jogador será escolhido no draft, mas diante da mínima pressão todo o processo de evolução daquele atleta pode ser deixado de lado por algum outro plano emergencial.

Julius Randle, sétima escolha de 2014, jogador que chegou ao time depois da campanha horrorosa de 2013/2014, ora é tido como absolutamente inútil, ora é usado até que alguma outra equipe se interesse por ele. D’Angelo Russell e Larry Nance Jr, segunda e vigésima sétima escolhas do draft do ano seguinte, frutos de outra campanha-lixo, se tornaram moedas de troca: o time desistiu do primeiro e o mandou para o Nets como forma de agradecimento pela franquia nova-iorquina ter absorvido o paquidérmico contrato de Timofey Mozgov, e o segundo está no atual saldão da equipe. Jordan Clarkson, outro jogador que chegou neste período, também está à venda.

De cinco temporadas entre os últimos, apenas as duas últimas ainda rendem alguma coisa para o Lakers – ou pelo menos enquanto a paciência curta do time durar em relação a Brandon Ingram e sua evolução menos animadora do que se esperava e a Lonzo Ball e família. As demais foram perdidas em vão. Tudo pela falta de convicção. Pela vontade de embarcar no tank e reconstruir o time do modo mais preguiçoso possível.

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Não que eu ache Julius Randle um primor, que tivesse a certeza que Russell seria um craque ou que não concorde que Clarkson é um peladeiro, mas jogadores, jovens principalmente, são ativos. Devem ser valorizados pelas suas virtudes, até mesmo a equipe quer se desfazer deles. Anunciar por aí que nenhum deles serve e queimá-los não é a tática mais inteligente.

Pra mim isso fica muito claro que é um problema da franquia – e não dos jogadores em questão – porque quase ninguém se salva ali. Até os treinadores que passaram pelo time e enfrentaram algum tipo de adversidade foram despachados sem a menor cerimônia. Mike D’Antoni, eleito melhor técnico da temporada passada, foi tratado como um velho gagá limitado em Los Angeles. Byron Scott, que fez um trabalho porco mesmo, sofreu na mão do front office, que às vezes achava que ele tinha que perder ao máximo, às vezes achava que ele tinha que ‘mostrar cultura vencedora’ aos garotos – uma coisa contradiz a outra.

Agora Luke Walton, uma aposta da franquia para o futuro, parece não ter todo aquele respaldo que um técnico de primeira-viagem-com-história-no-time-e-que-lidera-um-time-de-garotos precisa ter. Se vê na constrangedora posição de ter que desconversar as críticas que Lavar Ball, pai de Lonzo, faz publicamente sobre seu trabalho enquanto a direção do time não faz nada efetivo para ou calar Lavar ou bancar Luke.

É complicado virar um time bom assim. Voltar a ser grande. Se a franquia se apoia na possibilidade de receber espontaneamente Lebron James, Paul George ou qualquer dupla de estrelas nas próximas temporadas, é bom ir preparando um plano B: falta de convicção não é a melhor propaganda para atrair talentos. Quem sabe se mudar a postura perante seus jovens jogadores e comissão técnica seja um primeiro passo para voltar a ser grande. Fritá-los, além de desperdiçar anos de sofrimento para sua torcida, não é o melhor caminho.

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