Whiteside e Winslow contrariam o sucesso das apostas do Miami Heat

Pedro Brodbeck

(Steve Mitchell-USA TODAY Sports)

Extrair talento de onde não se espera nada se mostrou uma vocação desse Miami Heat pós-Lebron James. Justamente quando a equipe ficou absolutamente sem qualquer jogador com a mínima grife, na segunda metade da temporada passada, o Heat deslanchou e emplacou 30 vitórias em 40 jogos, perdendo a última vaga dos playoffs nos critérios de desempate.

Neste ano, mais uma vez quem segura a bronca da campanha positiva do time é a ala desacreditada da equipe. Josh Richardson, James Johnson, Kelly Olynyk, Tyler Johnson e Goran Dragic, cada qual à sua maneira, são caras que de alguma forma foram preteridos, ou porque seus times antigos desistiram deles, porque saíram na rabeira do draft ou porque chegaram na NBA por meios menos nobres, como a D-League.

Mas o Miami não demonstra a mesma eficiência quando resolve apostar realmente suas fichas em determinados atletas. Se quase todo mundo ali surpreende positivamente, duas das maiores apostas da franquia parecem que não entregam tudo aquilo que se esperava deles. Justise Winslow, maior aposta do Heat via draft, e Hassan Whiteside, segunda maior renovação salarial da história do time, vem deixando a desejar.

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Não que ambos estejam muito mal. Nada disso. Só não correspondem às expectativas geradas. Winslow ainda é muito jovem e joga apenas sua terceira temporada profissional. Mesmo assim, não parece justificar todo o assédio que sofreu no dia do draft – o Boston Celtics ofereceu seis escolhas, duas daquele ano (uma delas virou Terry Rozier) e potenciais escolhas seguintes (que se tornaram Jaylen Brown e Jayson Tatum), para o Charlotte Hornets para que pudesse selecionar Winslow antes do Miami Heat fazê-lo.

Desde o ano passado, as melhores fases do time acontecem quando Justise não está à disposição da comissão técnica (esteve machucado quando o time engatou no campeonato passado e nos seis primeiros jogos da série de sete vitórias seguidas desta temporada). Naquelas estatísticas que comparam o desempenho do time quando um jogador está em quadra com os minutos que ele está no banco, o Heat é sempre melhor sem o garoto.

Com Whiteside, o problema é outro. Ele continua tendo seu impacto, o time estatisticamente ainda é bem melhor com ele. Não deixou de ser o bom protetor de aro de sempre, o reboteiro confiável e o eficiente finalizador de baixo da cesta dos outros anos. Mas não é “o cara” da franquia.

Kelly Olynyk, recém-chegado com um salário bem mais modesto que o de Whiteside e uma responsabilidade inicial proporcionalmente menor, vinha sendo mais usado nos minutos finais das partidas mais duras do que Hassan – e não é por acaso que, depois que o canadense se lesionou, o time caiu de rendimento.

Whiteside, aliás, reforça a sina recente do Heat. Rendeu tudo que podia quando era um egresso da D-League e, depois que assinou um contrato de quase 100 milhões, perdeu espaço. O que, ironicamente, prova que o time se dá bem quando garimpa jogadores até então sem grandes pretensões e não tem o mesmo sucesso quando aposta alto – mesmo que, neste caso, o jogador seja um só.

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Erik Spoelstra, o verdadeiro craque deste time, notou isso . Deu menos minutos para Whiteside neste ano e experimentou Winslow na reserva. Sabe que, mesmo que os dois tenham chegado com altas expectativas, são os seus colegas que carregam o piano. Mas o time precisa se resolver para o final da temporada, caso não queira mais uma vez ficar no ‘quase’.

A volta de Dwyane Wade é uma esperança. Ao lado dele que Whiteside teve seu impacto mais significativo, seja no ataque ou na defesa – mesmo há dois anos jogando separados, ninguém deu tantas assistências para Hassan quanto Wade (131) na sua carreira toda. Foi com Dwyane que ambos, Whiteside e Winslow, se classificaram aos playoffs – a única vez na carreira deles. Mas Wade não é mais o mesmo. Não dá para esperar que ele carregue o time e, sozinho, faça os dois colegas renderem mais.

Apesar que, como chegou em troca simbólica de uma escolha de segundo round de 2022, absolutamente desvalorizado, é de se esperar que Wade seja daquelas apostas certas do Miami Heat.