(Jasen Vinlove, USA TODAY Sports)

Joel Embiid e Hassan Whiteside se odeiam genuinamente. Isso é raro em uma época que a maioria dos jogadores se dá bem fora das quadras – e são criticados por isso. Embiid e Whiteside, não. Ali há uma treta real. Mas, para o azar de um e sorte de outro, esta rivalidade está cada vez mais desigual. Não só porque Embiid se mostra muito mais talentoso para trollar o adversário, mas porque o pivô do 76ers é um talento que só cresce, enquanto o jogador do Miami Heat se afunda nas suas próprias limitações.

Quando essa briga começou, as coisas estavam bem mais parelhas. Foi na temporada passada, quando Embiid ainda era um jogador que fazia suas primeiras partidas na NBA depois de dois anos parado por lesão e Hassan Whiteside era um atleta que, saído do nada, tinha acabado de assinar um dos maiores contratos da história do Heat. No meio da temporada, Hassan criticou Embiid por ficar mendigando votos para o All-Star Game nas redes sociais. Embiid, de sacanagem, chegou a fazer piada pedindo para que seus seguidores votassem em Whiteside. O pivô do Heat respondeu que o rival mal jogada e tirou sarro do seu histórico de lesões. No final das contas, ao longo do ano, cada um provou seu ponto e as coisas ficaram quites: Whiteside terminou muito atrás de Embiid na votação para o jogo comemorativo e o camaronês não pode jogar as três partidas seguintes contra o Heat afastado por lesão.

Mas até ali a briga era coisa de criança, só provocação em twitter. A coisa ficou real quando se encontraram em quadra pela primeira vez. Apesar de ser apenas um jogo de pré-temporada, os dois fizeram questão de travar um embate pessoal. Em dois minutos de partida, Whiteside já tinha deixado sua marca contra o pivô rival, com um toco na cara de Embiid, e Joel já tinha forçado a barra para que o atleta do Miami saísse de jogo com três faltas cometidas. Depois do jogo, torcedores zoaram Embiid por ter acertado só um chute de sete tentados, Whiteside reclamou que ninguém ia falar nisso na imprensa, Embiid respondeu que o outro era ‘soft’ e tinha sido eliminado por faltas e acabou que ambos viraram a noite se xingando.

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Desde então, os dois fazem questão de se provocar, seja quando se encontram ou ainda fora da quadra. Até que o destino quis que os dois se enfrentassem nos playoffs. A disputa, no entanto, ficou meio injusta neste meio tempo e chega, neste momento, ao maior disparate possível. Enquanto Embiid vem a cada dia superando as desconfianças criadas a respeito da sua saúde, já se transformou em uma estrela incontestável na liga, parece ter um talento infinito e não se cansa de sacanear os rivais, Whiteside vive seu pior momento técnico desde que foi redescoberto para o basquete, a ponto de mal entrar em quadra no confronto entre as duas equipes.

Se por um lado o Philadelphia fez de tudo para que Embiid voltasse logo à campo para ajudar sua equipe, Whiteside é cada vez mais escanteado na rotação do Heat, a ponto de hoje ser preterido por Kelly Olynyk, um jogador útil, mas longe de ser uma estrela, e em dados momentos até por Justise Winslow, um ala de natureza, mas que tem sido mais eficiente no garrafão do que seu colega 15 centímetros mais alto.

Na partida de ontem as coisas ficaram bem evidentes. Joel foi um monstro na defesa e ajudou seu time a recuperar o mando de quadra na série. Hassan jogou apenas 13 minutos, não colaborou em quase nada com seu time e, até para não ser muito achincalhado, fugiu de qualquer treta. Não se só pelo calor do jogo ou se como uma forma de tirar o foco da desigualdade da briga, Winslow que assumiu as rédeas para tretar com Embiid – em determinado momento, tentou quebrar a máscara de proteção que Joel tem usado para proteger o rosto, que se recupera de um osso quebrado.

Se algum dia essa rivalidade pareceu promissora, hoje ela praticamente não existe mais. Não há mais comparação entre Hassan Whiteside e Joel Embiid.