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Carmelo está mal, mas não é ele o único culpado pelos problemas do Thunder

(AP Photo/Sue Ogrocki)

A bola nem subiu para o sexto jogo entre Oklahoma City Thunder e Utah Jazz, mas boa parte da imprensa e torcida já decidiu que se o time de Oklahoma for eliminado, Carmelo Anthony será o principal culpado por isso. O jogador vem experimentando o pior aproveitamento de três pontos da sua carreira em playoffs ao longo da série, junto com a média mais baixa  de pontos da sua vida em pós-temporada. Mais do que mal nos números, Carmelo vem sofrendo mais do que qualquer um do seu time para se desvencilhar da marcação implacável do Jazz e para defender o pick and roll do adversário (que é a principal jogada do Utah).

O melhor momento do time na série, a virada espetacular capitaneada por Russell Westbrook e Paul George no jogo passado, aconteceu com Carmelo sentado no banco de reservas. O pior, quando o Thunder deixou evaporar uma liderança de 10 pontos no jogo dois no último quarto da segunda partida, Anthony estava em quadra, chutou quatro bolas e não acertou nenhuma – assim como seus dois colegas estrelares, justiça seja feita.

Mesmo que seja incontestável que Carmelo Anthony não é nem de longe o jogador que já foi, não é exatamente por causa dele que o Oklahoma está atrás do Utah na disputa por uma vaga no segundo round.

Para começo de conversa, o garrafão do Jazz está aniquilando o do Thunder. Se mesmo Steven Adams, que vem tendo um ano incrível, está sofrendo entre Rudy Gobert e Derrick Favors, imagine Carmelo, que sempre foi um ala que jogava nas margens da quadra. Por mais que ele sempre tenha mostrado um bom jogo de pivô com a bola na mão, a desvantagem física perante jogadores de ofício da posição é considerável. Por mais que Carmelo seja figura central nesse ponto de desequilíbrio da série, eu não imagino que poderia ser muito diferente mesmo que ele estivesse tendo jogos muito bons. É algo fisicamente improvável.

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A defesa do Jazz também é muito boa. Em todos os jogos, o time consegue congelar o ataque do Thunder por alguns minutos. Carmelo, que se transformou em um jogador mais previsível e unidimensional, vira presa ainda mais fácil nestes momentos.

Lógico que o embate é mais complexo do que isso, mas, de maneira simplista, o Jazz tem se sobressaído nestes dois aspectos. E eles não dependem exclusivamente do desempenho de Carmelo. São fatores que estão mais relacionados à forma do Thunder jogar e da vantagem do Utah nos matchups do que propriamente o que um jogador ou outro tem feito nos jogos.

Paralelo a isso, é notório que Carmelo entrou em uma curva descendente de desempenho. Apesar de ter começado a temporada com o alter-ego de “Hoodie Melo”, que dominava as peladas dos craques da liga na offseason, o declínio já vem de duas temporadas atrás, quando começou a dar espaço para Kristaps Porzingis no New York Knicks e viu suas porcentagens de acerto nos chutes caírem gradativamente. Neste ano, tendo que dividir a bola com George e Westbrook, as coisas só se acentuaram.

Não chega a ser surpreendente. É difícil ver alguém mais velho do que Carmelo, que completa 34 anos em maio, com uma posição de destaque muito maior que a dele. É também natural que alguém pague o preço quando três jogadores muito dominadores da bola se juntam. A crítica, aqui, reside no ponto que ele não soube moldar seu jogo a isso. Seu estilo sentiu a ruína física e a falta da bola.

Mesmo assim, o Carmelo que temos visto foi suficiente para o Thunder ter bons momentos na temporada. Em janeiro, quando o time emplacou 10 vitórias em 13 jogos, subiu na classificação e mostrou sua melhor forma no ano, Anthony não esteve muito melhor do que agora. Seu aproveitamento nos chutes naquele mês, inclusive, foi o seu pior da temporada. Teve suas partidas com 20 e poucos pontos, assim como teve seus dias de 10 pontos. O bom desempenho do OKC não depende tanto de um rendimento de alto volume de Carmelo.

Com certeza seria bom para o time que ele estivesse melhor. Mas simplesmente não veremos mais um Carmelo tão bom por aí. Talvez seja mais saudável para todos, ele inclusive, que seu ‘role’ no time seja reduzido e que as expectativas sejam controladas. A sua realidade é essa. E, até por isso, seu impacto nos problemas do Thunder é limitado

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