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Terry Rozier está fazendo valer a insistência de Danny Ainge

(WINSLOW TOWNSON/USA TODAY SPORTS)

Tinha uma época em que parecia birra de Danny Ainge. A franquia em breve teria problemas para manter todos os armadores no time, com a iminente necessidade de negociar a renovação dos contratos de Isaiah Thomas, Avery Bradley e Marcus Smart, e mesmo assim o gerente geral do time se recusava a negociar o armador reserva do reserva, que mal entrava em quadra. Com mais duas escolhas excelentes que estavam por vir (e foram usadas para escolher Jaylen Brown e Jayson Tatum), 9 entre 10 torcedores do Boston Celtics pediam para que Ainge largasse mão da sua convicção e mandasse uma escolha futura, Terry Rozier e o que mais fosse necessário para conseguir alguém que pudesse ajudar a equipe de imediato.

Na época, questionava-se o quanto o Boston Celtics iria aguardar até que todas suas escolhas de draft virassem realidade e dessem resultado. A principal crítica era que, até lá, o auge do elenco daquele momento já teria passado e o time teria perdido uma bela oportunidade de se transformar um time realmente competitivo ao esperar por algo maior no futuro.

Mas Ainge segurou o armador, que tinha encerrado sua primeira temporada como profissional jogando pouquíssimas partidas e contribuindo quase nada para a campanha da equipe. Uma nova temporada veio, Rozier subiu um pouco na rotação e mostrou alguns sinais de evolução que, multiplicados por uma autoconfiança absurda – irresponsável até, em determinados momentos. Outra temporada veio, Thomas foi trocado com uma daquelas escolhas que estavam à venda, Bradley entrou em uma negociação para dar espaço para o contrato de Gordon Hayward no time e, mais uma vez, Rozier crescia no elenco celta.

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Mas a decisão de Danny Ainge em segurá-lo na equipe foi além da aposta em ter um armador incendiário para liderar a segunda unidade do Boston. Com a lesão de Kyrie Irving, o jogador se tornou o motor da equipe nos playoffs. Foi assim na primeira rodada, quando fez mais de 20 pontos em três das quatro vitórias do Celtics sobre o Milwaukee Bucks e foi assim também na primeira partida do confronto contra o Philadelhia 76ers, ao anotar 29 pontos e ser o principal jogador na vitória tranquila da equipe sobre o rival.

Não que desse para prever que Rozier ia chegar no mata-mata e destruir. Acho que nem era este o plano. Mas a insistência em bancar o jogador quando o elenco contava com uma meia dúzia de opções mais consolidadas foi sábia. Conhecendo os talentos do armador e ponderando o custo/benefício de cada atleta do elenco, valia mais a pena segurar um jogador em evolução que estaria amarrado ao time pelas próximas várias temporadas do que se livrar dele em baixa por um troco subvalorizado. Valeu muito a pena.

Hoje, além do resultado na quadra, com as vitórias, o desempenho mostrado nas últimas partidas da temporada regular e nos playoffs faz com que se discuta o quanto Rozier já não cabe mais na reserva do Celtics. Por mais que eu discorde que alguém em sã consciência possa preferir ele a Kyrie Irving ou que esta performance seja suficiente para alçá-lo imediatamente ao posto de titular em uma boa equipe, não dá para negar que o jogador tem dado conta do recado de maneira surpreendente.

A valorização na melhor hora possível é excelente para ele e para o próprio Boston Celtics. E mostraria, mais uma vez, o quanto Danny Ainge acertou em segurá-lo na equipe lá atrás para, agora, se for o caso, colocá-lo no mercado por um preço infinitamente maior.

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