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Buscar a liderança do Leste é a melhor tática para o Toronto Raptors

(Kevin Souza/USA Today Sports)

O desempenho muito abaixo das suas capacidades tem sido uma triste característica desta geração do Toronto Raptors. A franquia conseguiu atingir a melhor fase da sua história e registrar os melhores desempenhos nos últimos campeonatos – desde 2014, o time consegue pelo menos 48 vitórias em todas as temporadas, marca que nunca tinha atingido nos seus demais 18 anos de vida.

O problema é que a performance nos playoffs fica aquém do alcançado na temporada regular: foi eliminado no primeiro round em duas oportunidades, mesmo tendo o mando de quadra, e caiu diante do Cleveland Cavaliers nas duas outras vezes.

Os resultados decepcionantes são creditados, em grande medida, à queda de rendimento da dupla de armadores do time, Kyle Lowry e Demar Derozan. A pontuação média de Derozan no período cai de 24 na temporada regular pra 21 nos playoffs e seu aproveitamento nos chutes de dois cai 6% e de três, 10%. Lowry, idem: faz menos pontos, distribui menos assistências e tem um aproveitamento mais fraco nos arremessos. Não tenho uma tese bem formulada para isso – e rejeito boa parte das que circulam por aí, como a que ambos ‘amarelam’ -, mas é fato que os dois rendem abaixo das suas médias quando entram no mata-mata – talvez pela concentração da marcação em ambos.

Neste ano, o cenário que se desenha é parecido com o dos anos anteriores. O time canadense vai muito bem na temporada, apresenta uma regularidade mais confiável que os concorrentes diretos, mas não dá a pinta de que vá ter cacife para, eventualmente, chegar a uma final da NBA. Mesmo que esteja na cola do Boston Celtics, o time de Kyrie Irving parece anos-luz mais confiável para um confronto direto. Mesmo que esteja hoje com uma vantagem confortável para o Cleveland Cavaliers, o time de Lebron James ainda seria a aposta de nove entre dez pessoas para passar adiante no mata-mata. O que fazer, então, para ter alguma chance?

Acho que a melhor oportunidade do Toronto Raptors ir longe nos playoffs é apostar todas as fichas que tem, usar todo o gás e entrosamento que puder para buscar a primeira colocação no Leste durante a temporada regular.

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A ideia aqui é garantir o mando de quadra em todos os confrontos que tiver no Leste e, mais ainda do que isso, forçar um eventual cruzamento entre Cleveland Cavaliers e Boston Celtics mais cedo, em uma provável semifinal de conferência. Bastaria ao Toronto Raptors fazer sua lição de casa – o que fez nas últimas duas temporadas, apesar dos sustos – e eliminar em casa o que surgir de concorrente nas duas primeiras fases dos playoffs – forças como Milwaukee Bucks, Washington Wizards, mas que ainda são times bem menos ameaçadores do que a dupla Cavs-Celtics. Em um cenário ideal, a franquia canadense veria os dois rivais se matarem em quadra e enfrentaria o melhor dos dois com o mando de quadra e até, se possível, descansado.

Acho isso bem possível porque este time já é desenhado para uma boa performance em temporada regular: tem um bom equilíbrio entre ataque e defesa, o que faz ganhar jogos apertados ora pela qualidade na marcação, ora pela capacidade de pontuar; tem uma rotação profunda, com praticamente 10 jogadores entrando em quadra todas as partidas, algo interessante para a maratona da temporada, mas pouco eficiente em disputas de tiro curto como confrontos de playoffs; e tem feito valer como nenhum outro time o mando de casa, tendo vencido 15 dos 17 jogos que realizou no Canadá até agora.

Óbvio que ser líder de conferência não é uma tarefa simples, mas as condições para isso existem. E triunfar na temporada regular pode ser fundamental para afastar um fantasma que perturba a franquia. Ou pelo menos ajudar a alcançar algo inédito nos playoffs.

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