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Sem critério: NBA multa atletas que brigaram feio e suspende quem não fez nada

(Kyle Terada/USA TODAY Sports)

O jogo entre Washington Wizard e Golden State Warriors da última sexta-feira foi pau a pau até a última posse de bola. O atual campeão virou o jogo no quarto final de partida depois de chegar a estar 18 pontos atrás no placar. Apesar disso, o que marcou a noite foi o quebra pau entre Bradley Beal, ala-armador do Wizards, e Draymond Green, ala-pivô do Warriors. Na disputa de um rebote, Beal se empolgou e deu uns sopapos em Green, que não deixou barato e revidou o ‘carinho’ do rival. Os dois se agarraram e só se soltaram quando todos os jogadores da quadra se amontoaram sobre a dupla para separar a briga. Foi feio.

Era bem razoável esperar que os jogadores fossem suspensos. Ambos foram expulsos do jogo na hora e as punições extras ficaram de ser decididas após a partida. Beal, que começou a confusão, alegou que só estava disputando um rebote, mas assumiu que ia ser difícil escapar de um gancho de uma partida pelo menos, dadas as consequências do quebra-quebra.

Bom, a liga soltou as punições e mostrou uma total falta de bom senso nas suas decisões. Multou Bradley Beal em 50 mil dólares e Draymond Green em 25 mil dólares. Kelly Oubre, ala do Wizards, também ficou 15 mil dólares menos rico – ele chegou na pancadaria tentando socar meio mundo, mas acabou só acertando as costas do seu colega John Wall. Dois jogadores foram suspensos – além de multados –, Carrick Felix e Markieff Morris, do Washington. O motivo: ambos levantaram do banco de reservas quando a briga começou.

Isso mesmo que você leu: os caras que se atracaram em quadra como se estivessem em um ringue foram multados (a maior multa é 10 mil dólares mais baixa do que um dia de salário de Beal) e os jogadores que saíram do banco de reservas para apartar a confusão não poderão jogar a próxima partida.

O caso escancara um critério torto nas punições da NBA. Hoje a regra só predetermina suspensão de jogadores em dois casos muito específicos. Um deles é este aí de quando os jogadores que estão no banco de reservas se levantam para entrar na quadra sem a autorização da arbitragem.

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O outro acontece quando um jogador recebe a 16ª falta técnica ao longo da temporada (ou, então, a 7ª durante os playoffs). Mesmo neste caso, as punições são cheias de subjetividade. O próprio Draymond Green foi pivô de uma punição polêmica na final da NBA de dois anos atrás. Depois de se embolar com Lebron James em uma jogada no meio da quadra, o jogador deu um soco na virilha do jogador do Cavs. A jogada foi revista após a partida e uma falta técnica foi anotada após o jogo. Como o jogador já estava no limite de infrações, foi suspenso e o Warriors perdeu todos os jogos da série final a partir dali. Bem aplicada ou não, a punição foi subjetiva e impactou diretamente no resultado do campeonato.

De resto, todos os ganchos passam pela avaliação do comando da NBA, o que abre margem para critérios questionáveis de avaliação.

Outro exemplo: o mesmo Bradley Beal foi multado em 15 mil dólares no ano passado por segurar o pescoço de Evan Fournier, do Orlando Magic, e apertar como quem quisesse estrangular o outro. CJ McCollum, armador do Portland Trail Blazers, não jogou a primeira partida da temporada deste ano porque se levantou do banco em um jogo amistoso da pré-temporada.

No final das contas, sem uma regra clara de suspensões, multas e punições para brigas de verdade, todas as decisões podem ser questionadas. A chance de continuar aplicando penas desproporcionais é imensa.

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