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Julius Randle, em poucos meses, foi de descartável a melhor Laker da temporada

Kevin Jairaj-USA TODAY Sports

Não parece de uma burrice extrema pensar hoje que há algum tempo atrás, coisa de poucos meses, Julius Randle era considerado um jogador que não fazia parte dos planos do Los Angeles Lakers para o futuro? O jogador de 23 anos, que atualmente é o líder em pontos e rebotes do time e o que tem a maior diferença entre pontos feitos e tomados nos minutos que está em quadra, só continuou jogando alguns minutos entre novembro e dezembro porque a franquia não queria descartá-lo completamente de graça: preferia, mesmo com a convicção de que aquilo não levaria a nada, deixar ele jogar por um tempo para ver se conseguia alguma coisa qualquer em troca.

Bom, pra mim a burrice era óbvia desde aquela época, assim como para a maioria de torcedores do Lakers, mas por um bom tempo o front office e a comissão técnica da franquia tinham a certeza que Julius Randle não tinha como se tornar um jogador útil ao time.

As informações daquele momento eram que Randle não parecia muito interessado em desenvolver alguns aspectos do seu jogo (como a defesa), que seu físico era desleixado e que ia forçar a barra por uma bolada aquém do seu basquete na offseason, quando seu primeiro contrato profissional expira (neste caso, o Lakers ainda tem o direito de segurá-lo no time cobrindo qualquer oferta). Segundo a própria franquia – em um perfil escrito pelo site oficial do time -, Randle deu a volta por cima e se mostrou útil quando resolveu mudar sua cabeça, ouvir mais os outros jogadores (como Kobe Bryant) e se esforçar mais nos treinos.

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Hoje, depois destas mudanças, Randle parece indispensável ao time. É um ala-pivô que consegue executar a técnica clássica da posição, com bom jogo de costas pra cesta, capacidade de recuperar rebotes e brigar no garrafão, assim como apresenta os elementos mais modernos do jogo (corre a quadra inteira, sabe bater bola, tem boa visão de jogo).

No momento da temporada em que teve mais liberdade de ação e que mais jogou resultou no melhor momento do Lakers no ano – foram 13 vitórias e 5 derrotas entre o final de janeiro e o começo de março.

Já que o plano de atração de grandes estrelas parece difícil para a próxima temporada, pagar caro por um vínculo de longo prazo com Julius já é uma opção plausível – ainda mais com a demonstração do jogador de que pode evoluir com o tempo.

A única coisa que preocupa aí é a forma de avaliação da franquia em relação aos seus jovens talentos. Por mais que hoje o front office se vanglorie de ter ‘salvado’ Randle, em determinado momento o time já tinha desistido do jogador. Só não o despachou mais cedo por falta de oportunidade. Naquele momento, a avaliação parecia ser a de que Randle não tinha mais jeito. Tivesse se desfeito dele naquela época, hoje estaria o assistindo liderar alguma outra equipe – mas que time se desfaz assim de um atleta que tem tanto potencial para mudar e melhorar?

Em uma equipe com tantos jovens jogadores, o olhar clínico no potencial deles deve ser mais apurado do que a vontade resolver os problemas no curto prazo. Se a franquia escolheu a reconstrução de elenco via tank e draft, alguns cuidados devem ser tomados. Julius Randle, para a sorte dele e da torcida do Lakers, conseguiu sobreviver a isso. O resultado está na quadra.

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